Os anos vão passando e vamos acumulando experiências. Dores e alegrias são tijolos para a construção de uma toda vida, pois é com o passado que se constrói o futuro. Na teoria, sabemos disso. Na prática, esquecemos momentos felizes, ou pouco lembramos deles. Não valorizamos, de fato, nossas tão suadas conquistas. Em contrapartida, vamos guardando com nitidez em nossa memória, como se tivera acontecido ontem, cada frustração, desilusão, mal passo dado. Aquela vez que não respondemos à altura a uma provocação nos engasga, aquela atitude impensada nos tira o sono. Caríssimos, há que se ter em mente – sempre e sempre – que fizemos o que pudemos com as condições físicas e emocionais que tínhamos.
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Por mais que a ciência tenha evoluído, ainda não foi inventada uma coisa qualquer que possa apagar o passado. O que foi, foi. Aprendamos com isso ou será essa a causa da morte do nosso espírito, cedo ou tarde. Compreender os próprios erros é árduo, dolorido. Reconhecer as próprias fraquezas às vezes nos debilita. Mas não devia ser assim. Somos humanos, se caso temos uma missão na terra, é evoluir. Só evolui aquilo que é imperfeito e, sim, nós somos. E, pra mim, a imperfeição das criaturas é o que as torna mais belas e interessantes.
Momentos ruins geram atitudes ruins, na maioria das vezes. Quem de nós nunca se precipitou e pôs muito a perder? Quem de nós nunca magoou alguém sem querer por estar sem condições de agir de uma maneira mais gentil? Quem de nós não quer calar um grito que deu anos atrás? Quem de nós não deseja desesperadamente conter lágrimas já vertidas? Quem de nós não quer voltar no tempo e gritar, esbravejar, ou, simplesmente, se defender de uma situação ida? Quem de nós? Todos nós!
Somos fracos e é isso que nos torna fortes, humanos. Do tempo que passou, nenhum controle temos. Nos resta olhar com atenção para cada ocorrido, entender quem éramos e o porquê do comportamento escolhido para dada hora, enxergar que não somos mais aquelas pessoas e aceitar que nada pode ser feito. Nada? Espera! Algo sempre pode ser feito: nesse caso, encarar o passado e tentar com todas as forças não repeti-lo é o que nos trará a tão sonhada remissão. Somente com reflexão, consciência e novas atitudes é que faremos as pazes com o passado afim de não transformar nossa existência em um gigantesco ciclo de repetição de erros nos impossibilitando de viver um futuro mais digno, mais feliz.
Precisamos aprender a nos perdoar urgentemente, mas é um processo. Dá para amenizar a existência começando por acreditar em quem queremos ser a partir de quem fomos. Olhemos para o nós de antes. Foi duro chegar até aqui. Que longa caminhada, não? Admiremos quem nos tornamos. Vamos mirar o futuro buscando aquelas criaturas mais ‘gentes’ que ainda podemos ser. Ir a fundo na prática de atitudes que admiramos, incansavelmente, dia após dia. É um exercício, tem que ir limpando, à medida que conseguimos, cada mágoa de nós mesmos que carregamos e cada um de nós sabe onde está escondida. Humanos melhores, ainda seremos, precisamos acreditar nisso. Estamos juntos, sigamos em frente!
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