
Cadê o geminiano que estava aqui? Foi ali, ver a banda passar, ver o barco correr, ver o dia raiar. Foi ver o que há, foi viver para contar. Foi assuntar para saber de tudo, ou quase tudo, no rumo da flecha nômade de uma rosa dos ventos biruta, sob o fluxo de uma rajada que mal sopra e já quer mudar. Ai, ai, destino de quem tem asas nos pés e no olhar...
Cadê ele? Foi num pé e volta noutro, ligeirinho, ligeirinho, feito saci em redemoinho. Está ali, está aqui, pregando peça, fazendo troça, criando chiste, curtindo a massa, driblando a fossa. Foi ali e volta já, foi buscar maracujá, atrás do palhaço, sendo palhaço também. Atento à desatenção, foi dispersar o sério, desanuviar o denso e afrouxar o riso. Ah, esse moleque saltimbanco! Quem segura um espírito eternamente menino?
Ele saiu daqui e foi acolá, aprender novas palavras e fazer outras mais belas, tirado a poeta, meio sério, meio fingidor, inteiramente buscador. Foi atrás da palavra que lavra, para extrair o ar do mar. Achará a palavra que prende o pensamento que voa? E aquela que nomeia o inominável? O que é o que é? O que será que será? Ó mente sempre inquieta: sossega, que a vida é dúvida. Será?
Mas cadê o filho do deus Hermes que estava aqui? Oh, já zarpou, já “sartou”. Azulou no vento. O zap chamou, a campainha tocou, o táxi chegou. E lá se foi ele negociar ideias, vender conversas, anunciar tendências e medir temperaturas com sua fala vertida em mercúrio líquido. Um dito espirituoso aqui, um comentário ali, tudo é motivo de uma nova prosa, e toda esquina logo se torna sua casa. Como prender quem sente alegria em juntar gente?
Então, cuidado com ele, ó exclusivistas! Seu charme airoso traduz “my love” por “mozinho” e põe no bolso qualquer coração, mas não o imaginem preso. Asas não podem se encolher em corcundas. Deixem-no flanar nas ruas até a praça colorida onde histórias se cruzam e o novo sempre vem. Deixem-no respirar e renovar seu baú de grandes novidades.
Vejam, lá vem ele com muito para contar. E vamos sentar, que a prosa será longa.
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