
Uma das galeterias mais tradicionais de Caxias do Sul não é mais a mesma aos domingos. O restaurante Alvorada atendia, em média, 200 pessoas no dia mais movimentado da semana. No domingo que passou, foram 40 clientes. Apesar da redução de público, o sócio-proprietário, Mateus Zanotto, destaca que esse ainda foi o dia de maior movimento desde que as atividades foram retomadas. Por outro lado, as entregas no local aumentaram, mas não são mais feitas no balcão. Os clientes agora esperam do lado de fora como medida de prevenção ao contágio.
O salão foi readequado para comportar, no máximo, 80 pessoas, menos do que os 50% da capacidade permitida pela prefeitura, mas o dobro de pessoas que a galeteria está recebendo nos últimos dias. Além do movimento não compensar, as equipes estão reduzidas. Por isso, o Alvorada não está mais abrindo às segundas-feiras. Outra mudança que ocorreu durante a pandemia, foi a ampliação do serviço de tele-entrega, antes restrito ao período da noite. Agora ele também funciona ao meio-dia.
Por enquanto, com o movimento no restaurante muito abaixo do normal, o serviço será mantido neste horário, mas o empresário avalia se vai ter estrutura para mantê-lo. O delivery cresceu cerca de 30% quando o restaurante foi fechado, nos últimos dias já voltou aos patamares de antes da crise até pela concorrência com outros restaurantes que implantaram as teles. Em dias normais, 60% do faturamento do restaurante vem do salão e 40% das entregas. Com a pandemia, na média geral dos dois serviços, o movimento é 70% menor.
Restaurantes abertos mas vazios
Passada as primeiras semanas da flexibilização para abertura de restaurantes na Serra, o Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria – Região Uva e Vinho (Segh) aponta um fluxo médio de clientes que gira entre 5% e 10% da ocupação dos lugares. O movimento é menor à noite. Com a abertura do comércio, o Segh registrou uma leva melhora de público, mas os estabelecimentos ainda estão vazios. Os empreendimentos voltados ao turismo são os mais afetados. No entanto, o movimentou é melhor neste feriado de Tiradentes na comparação com o da Páscoa.
Consumir fora de casa só daqui a dois meses
Levantamento da empresa Food Consulting de São Paulo, em parceria com o Sebrae, mostra um pouco do impacto no serviço de alimentação durante a pandemia. O destaque, sem dúvida, é o aumento das tele-entregas. A maioria dos entrevistados, 76% pediram delivery nos últimos 30 dias. Foram 18% que comeram fora neste mesmo período. Esse percentual, antes da crise, chegava a 85%. Tem também 21% dos entrevistados que não comeram fora e nem pediram. Esse mesmo índice era de apenas 5%. A projeção é de retração de 30% do mercado de foodservice (restaurantes, bares, cafés e similares). E o cenário futuro prevê recuperação do setor, mas demorada, já que 69% dizem que voltam a consumir fora de casa em até 60 dias. O consumidor volta, mas pensando diferente, pois 74% afirmam que não pretendem voltar a comer fora a mesma quantidade de vezes ou mais. Em vez de ir duas ou três vezes por semana, vai uma só. Entre as preocupações para voltar a consumir, além do contágio pela Covid-19, está a piora do poder aquisitivo. E agora os fatores que o público mais leva em conta para escolher onde comer fora são, na ordem, a limpeza e higiene do estabelecimento, preço acessível e distanciamento entre mesas. Só depois vem a preocupação com opções de cardápio e bom atendimento.
Leia também
Dos balcões para as gôndolas