A alegria durou quase 100 dias. Naquele 18 de fevereiro de 2016, a cadeia do vinho exultou durante a abertura da Festa da Uva.A boa-nova foi trazida à Serra pelo então ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, que compareceu à cerimônia representando a presidente (agora afastada) Dilma Rousseff. Naquela tarde quente, ao discursar, Rossetto anunciou a redução no IPI sobre os vinhos nacionais de 10% para 6% neste ano, e de 5% a partir de 2017.

Essa era uma reivindicação das lideranças vinícolas desde o final de 2015, quando uma nova forma de cálculo do tributo foi instituída, encarecendo os custos de produção. Até então, a bebida contava com um teto de IPI de R$ 0,73 por litro. Desde lá, as queixas eram gerais e as idas a Brasília, recorrentes.
A novidade divulgada pelo governo federal na abertura da Festuva rendeu brindes e satisfação, ganhando espaço de destaque na capa do Pioneiro do dia seguinte.Mas toda essa expectativa terminou. Isso porque, em votação na noite de terça-feira, a aguardada diminuição do tributo foi derrubada no Congresso.
Explica-se: os parlamentares aprovaram o veto que mantém a alíquota em 10%, apesar da articulação de deputados gaúchos (e serranos). Ironia: os novos índices, mais baixos, haviam sido previstos em projeto de lei vetado pela então presidente Dilma Rousseff no início de 2016, por orientação da Receita Federal.
A partir da pressão e do desgaste, Dilma recuou e quis reconsiderar sua decisão, por meio de um decreto presidencial, mas a Receita Federal barrou a medida. Argumento que agora norteou a votação de alguns deputados. Com isso, o consumidor precisa preparar o bolso para encher a taça.
Em meio a uma das piores safras de uva da história, com queda de 65%, os vinhos nacionais encareceram até 35%. Os importados, em função do dólar caro, não são alternativa neste momento.A esperança de diminuição dos custos da cadeia parece cada vez mais distante.



