A aquicultura superou em 2022, pela primeira vez, a pesca de captura na produção de animais aquáticos, com 51% do total mundial, revelou, nesta sexta-feira (7), a FAO em relatório divulgado na Costa Rica, durante uma reunião sobre a preservação dos oceanos.
O cultivo de peixes, mariscos e algas alcançou "51% do total mundial", com "94,4 milhões de toneladas", e "proporcionou 57% dos produtos de animais aquáticos usados para o consumo humano no mundo", destacou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
"Enquanto a produção através da pesca de captura se manteve praticamente estável por décadas, a aquicultura aumentou 6,6% desde 2020", afirmou o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, no relatório "Estado mundial da pesca e da aquicultura 2024".
Nesta sexta e sábado, especialistas internacionais participam em San José do encontro "Immersed in Change", anterior à Conferência da ONU sobre os Oceanos de 2025 na cidade francesa de Nice, organizada em conjunto por França e Costa Rica.
Em março de 2023, os membros da ONU acordaram a criação do primeiro tratado internacional de proteção do alto-mar, destinado a contrapor as ameaças que pesam sobre esses ecossistemas vitais para a humanidade.
- Recorde de comércio internacional -
O relatório da FAO destacou que o comércio mundial de animais aquáticos alcançou um recorde histórico em 2022 avaliado em 195 bilhões de dólares (pouco mais de R$ 1 trilhão), 19% a mais que os níveis de 2019, anteriores à pandemia do coronavírus.
Ao menos 230 países e territórios estão envolvidos no comércio internacional. As exportações estão lideradas por China (12%), Noruega (8%) e Vietnã (6%), que juntos supõem um quarto das exportações mundiais.
A União Europeia é o principal destino de animais aquáticos importados. No entanto, por países, são os Estados Unidos, com 17% da demanda internacional, seguidos pela China (12%).
- Consumo em crescimento -
A FAO também destacou que 89% da produção mundial de animais aquáticos é dedicada ao consumo humano.
Nos últimos 60 anos, o consumo de animais aquáticos passou de 9,1 para 20,7 quilos anuais por pessoa.
"Os sistemas aquáticos são cada vez mais reconhecidos como vitais para a segurança alimentar e nutritiva", manifestou o diretor da FAO.
Cerca de 15% do abastecimento de proteína animal mundial provém de animais aquáticos, chegando até mesmo a superar 50% em países da África e Ásia.
Tendo em conta que as projeções de crescimento da população mundial estimam 8,5 bilhões de pessoas até 2030, "fornecer comida, nutrição e sustento suficientes" requer "investimentos significativos", comentou Qu.
Ele destacou a importância da aquicultura para isso. "Se queremos que os sistemas alimentares aquáticos melhorem sua contribuição ao desenvolvimento sustentável, a transformação é essencial", disse.
A fração de populações de peixes marinhos dentro dos níveis "biologicamente sustentáveis" continuou diminuindo e caiu para 62,3% em 2021, por isso mais de um terço da pesca é insustentável a longo prazo.
A FAO propõe três objetivos globais: crescimento sustentável da aquicultura para satisfazer a crescente demanda de animais aquáticos, gestão eficaz da pesca para ter populações saudáveis de peixes e garantir a sustentabilidade das cadeias de valor dos alimentos aquáticos.
- Projeções -
A FAO estima que a produção de animais aquáticos aumente 10% para 2032, principalmente impulsionado pela expansão da aquicultura e pela recuperação das populações de pesca de captura.
Mais de 90% serão destinados ao consumo humano, aumentando para 21,3 quilos por pessoa por ano.
Aí reside a importância do crescimento como uma fonte potencial de segurança alimentar, econômica e ambiental para o setor, que emprega 61,8 milhões de pessoas no mundo, apontou a FAO.
* AFP