Quase 100 mil pessoas foram retiradas da província paquistanesa de Punjab, após inundações provocadas pelo lançamento de vários milhares de metros cúbicos de água pela Índia em um rio que flui entre os dois países, disseram as autoridades do Paquistão.
Centenas de aldeias de Punjab (centro-leste) ficaram submersas devido ao aumento no nível do rio Sutlej no domingo (29). Além disso, milhares de hectares de terras agrícolas, incluindo plantações, foram destruídos.
"Resgatamos 100 mil pessoas, que transferimos para locais mais seguros", afirmou à AFP Farooq Ahmad, porta-voz dos serviços de resgate de Punjab, nesta quarta-feira (23).
Após a chuva que provocou as inundações, a Índia despejou no domingo cerca de 85 mil metros cúbicos de água excedente de seus reservatórios no rio Sutlej, causando enchentes rio abaixo na costa paquistanesa, segundo Mohsin Naqvi, chefe do governo de Punjab.
A Índia realiza esta prática nos rios que desembocam no seu país vizinho, geralmente com aviso prévio. Já o Paquistão denuncia que se trata de um problema recorrente.
Desde 9 de julho, 16 pessoas morreram em inundações provocadas pelo lançamento de grandes quantidades de água em rios que chegam até o Paquistão, informou o serviço de emergência paquistanês Rescue 1122. Nenhum funcionário indiano foi encontrado para comentar o ocorrido.
As barragens que deveriam proteger as casas não conseguiram conter o volume da cheia, que deixou centenas de aldeias isoladas, sem acesso através de estradas.
As operações de resgate continuam nas áreas alagadas, onde as autoridades utilizam barcos para resgatar homens, mulheres, crianças e rebanhos.
"Há muita água. As crianças estão com fome e não têm nada para comer", disse à AFP Sidhra Bibi, uma moradora que conseguiu se abrigar em um campo em Kasur, um dos sete distritos afetados ou na iminência de serem atingidos.
A temporada das monções, que costuma durar entre junho e setembro, é essencial para a irrigação das plantações e para a reposição dos recursos hídricos do Sul da Ásia, contribuindo com 70 a 80% da precipitação anual.
É vital para a agricultura e a segurança alimentar desta região, que possui dois bilhões de habitantes. No entanto, as chuvas torrenciais também causam drama e destruição todos os anos.
* AFP