Pelo menos 471 pessoas foram mortas, feridas ou estão desaparecidas devido à violência entre gangues em Cité Soleil, uma comuna da capital do Haiti, no período entre 8 e 17 de julho, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) em comunicado nesta segunda-feira (25).
"Graves incidentes de violência sexual contra mulheres e meninas também foram relatados, assim como crianças recrutadas por gangues", acrescentam as Nações Unidas, observando que 3 mil habitantes desta comuna de Porto Príncipe, a mais pobre da área metropolitana, fugiram de suas casas – incluindo centenas de crianças que não contavam com nenhum adulto responsável por seus cuidados.
De acordo com o jornal colombiano Semana, as agências humanitárias, que começaram a ajudar as pessoas mais vulneráveis, relatam que a situação de segurança continua muito frágil.
A ONU lamenta que o acesso à saúde seja limitado ou inexistente, com muitos centros fechados e profissionais de saúde com acesso limitado à área, além da falta de alimentos e água.
Por mais de dois anos, as gangues, que têm ampla impunidade, estenderam seu domínio para além das favelas de Porto Príncipe e aumentaram o número de sequestros. Desde o início de junho, atacaram instituições-chave, como o Palácio da Justiça e a Autoridade Portuária, se aproveitando da falta de pessoal e de equipamentos na polícia.
Ulrika Richardson, coordenadora da ONU no Haiti, pediu na comunidade a todas as partes que acabem com a violência mortal e se comprometam a manter um corredor humanitário aberto para Cité Soleil para permitir acesso para assistência humanitária e atendimento médico de emergência a civis necessitados.
O Haiti está mergulhado em uma crise política após as últimas eleições no final de 2016. A situação foi agravada pelo assassinato em 7 de julho de 2021 do presidente Jovenel Moïse por um comando armado em sua casa.
Sem perspectivas de solução para a situação do país, os haitianos partem em busca de refúgio, fugindo da violência e da fome e colocando suas vidas em risco na viagem.
Neste domingo (25), equipes de resgate encontraram os corpos sem vida de 17 migrantes e resgataram 25 sobreviventes após o naufrágio de um barco na costa das Bahamas, com indícios de que todas as vítimas são do Haiti.