Mais de 420 civis morreram desde o início deste ano no oeste do Níger em ataques de grupos "jihadistas", que também forçaram dezenas de milhares de pessoas a fugir - relatou a ONG Human Rights Wath (HRW), nesta quarta-feira (11).
"Os grupos armados islâmicos mataram mais de 420 civis e provocaram o deslocamento de dezenas de milhares em ataques cometidos no oeste do Níger desde janeiro", disse a HRW em um comunicado enviado à AFP.
De 23 de junho a 4 de julho, especialistas da ONG visitaram o Níger, onde se reuniram com testemunhas de abusos, líderes tradicionais, autoridades locais, membros de organizações dos direitos humanos e diplomatas estrangeiros.
"Grupos islâmicos armados parecem estar travando uma guerra contra a população civil no oeste do Níger. Mataram, saquearam e queimaram, deixando um rastro de destruição e morte, e ceifando vidas", denunciou a diretora encarregada da região do Sahell na HRW, Corinne Dufka.
Esses grupos também destruíram escolas e igrejas e impuseram restrições com base em sua interpretação do Islã, acrescentou a ONG.
Entre janeiro e julho, houve nove ataques documentados pela HRW em cidades, povoados e aldeias das regiões de Tillabéri - zona fronteiriça com Níger, Mali e Burkina Faso - e de Tahoua. Ambas são regularmente atacadas por grupos armados "jihadistas" afiliados ao grupo Estado Islâmico (EI) e à rede Al-Qaeda.
"Desde 2019, esta área vem sofrendo um aumento dramático dos ataques contra alvos militares e, cada vez mais, contra civis", alertou a HRW.
Entre as vítimas, havia chefes de aldeia, imãs, deficientes físicos e muitas crianças. Algumas delas "foram executadas, depois de serem arrancadas dos braços de seus pais", acrescentou.
A ONG lembrou ao governo nigerino que "tem a obrigação de investigar e processar adequadamente os alegados crimes de guerra cometidos em seu território".
Segundo balanços oficiais, 307 civis foram massacrados entre janeiro e março de 2021.
* AFP