Um tribunal de Frankfurt iniciou nesta terça-feira (16) o julgamento de um simpatizante neonazista, o suposto assassino de um político que defendia a acolhida de migrantes e que despertou o medo de ataques da extrema direita na Alemanha.
A audiência contra Stephan Ernst começou por volta das 10h (5h no horário de Brasília) e gerou muito interesse do público e da mídia. Muitos curiosos e jornalistas esperaram parte da noite em frente ao Tribunal Regional Superior de Frankfurt.
É a primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, que um caso desse tipo é julgado na Alemanha.
Devido à pandemia de coronavírus, o acusado entrou no tribunal usando uma máscara e foi colocado atrás de uma tela de plástico.
Na madrugada de 2 de junho de 2019, Walter Lübcke, um político de 65 anos do partido conservador de Angela Merkel na CDU, estava fumando no terraço de sua casa em Cassel (Hesse), quando levou um tiro na cabeça.
Após duas semanas de investigação, um suspeito, Stephan Ernst, de 46 anos, próximo ao movimento neonazista, foi preso e confessou o crime, embora mais tarde tenha se retratado e acusado um suposto cúmplice, que também está sendo julgado, mas sem convencer os investigadores.
A Promotoria Federal alemã, que lida com os casos mais sensíveis, acusa o réu de "homicídio com agravante" e "tentativa de homicídio com agravante".
Se for considerado culpado, poderá ser condenado à prisão perpétua, após um julgamento que deve durar até pelo menos o final de outubro.
A esposa da vítima e os dois filhos vão assistir ao julgamento para "enviar um sinal claro contra o ódio e a violência", afirmou o porta-voz da família, Dirk Metz, antes do início da audiência.
Seu advogado, Holger Matt, disse estar convencido de que se tratou de "um assassinato planejado a sangue-frio, covarde e perverso, com as motivações mais baixas".
Depois de subestimá-la, as autoridades passaram a considerar com seriedade a ameaça de ataques da extrema direita no país.
* AFP