Os lituanos votaram, neste domingo (12), no primeiro turno da eleição presidencial, com a esperança de que o futuro governo seja capaz de diminuir a crescente diferença entre ricos e pobres no país, apesar do crescimento econômico invejável.
Nove candidatos disputaram o primeiro turno para substituir Dalia Grybauskaite, que encerra o seu segundo mandato, e que poderá tentar suceder Donald Tusk como presidente do Conselho Europeu.
Mas apenas três deles têm chances reais de chegar ao segundo turno, marcado para 26 de maio, coincidindo com as eleições para o Parlamento Europeu.
Os favoritos são o primeiro-ministro de centro-esquerda Saulius Skvernelis, a ex-ministra das Finanças Ingrida Simonyte, apoiada pelos conservadores, e o economista independente Gitanas Nauseda.
Com o fechamento das urnas, a taxa de participação no pleito foi de 56,45%, segundo a comissão eleitoral. Os resultados começarão a ser revelados na noite de domingo ou na manhã de segunda.
Enquanto Simonyte, creditada com 22,3% das intenções de voto, é a favorita entre os habitantes urbanos abastados e instruídos, o discurso populista de Skvernelis (16,7%) é atrativo nas áreas rurais desfavorecidas.
Nauseda (21,9%) propõe, por sua vez, combater a injustiça social em todo o país de 2,8 milhões de habitantes, com uma população em declínio devido à migração maciça de jovens para o Ocidente.
Após votar, Simonyte ressaltou que o futuro presidente deverá "escutar pessoas com opiniões diferentes, procurar o consenso e representar corretamente a Lituânia no exterior".
Segundo um estudo recente da UE, cerca de 30% da população lituana "corre o risco da pobreza", e esse número é quase duas vezes maior nas zonas rurais.
"Os cidadãos têm fome de justiça social e buscam um candidato capaz de superar a polarização social atual", disse à AFP Donatas Puslys, analista do Instituto de Análise Política de Vilnius.
Todos os candidatos são partidários da União Europeia e da Otan.
Os lituanos viram seus salários crescerem quase 10% ao ano nos últimos dois anos. O salário bruto médio chegou a 970 euros. Mas a pobreza e a desigualdade de renda continuam entre as mais altas da UE.
- Contra os "elitistas" -
"Não podemos isolar Vilnius do resto da Lituânia", disse Simonyte, de 44 anos, em seu último comício na capital. Ela propôs reduzir as desigualdades estimulando o crescimento.
Ela também criticou os populistas que "sugerem soluções rápidas e simples, mas enganosas".
Liberal, Simonyte apoia a união entre pessoas do mesmo sexo. Uma eleitora de Vilnius, Giedre Stankute, disse à AFP no sábado que gostaria de "grandes mudanças, porque a Lituânia de hoje é muito conservadora".
Skvernelis, um ex-chefe de polícia de discurso franco, dirige sua campanha aos lituanos descontentes que vivem principalmente em áreas rurais.
Com 48 anos, às vezes impetuoso, ele chamou seus rivais de "elitistas" e prometeu "combater a corrupção de forma eficaz", reduzir a exclusão social e apoiar as famílias.
Ex-assessor de um banco mercantil, de 54 anos, Nauseda seduz os eleitores que procuram um presidente imparcial que supere as disputas políticas.
Tendo cumprido o seu dever cívico já na sexta-feira, no âmbito do voto antecipado, Nauseda disse sentir que tinha a pesada responsabilidade de reduzir a polarização e permitir a Lituânia recuperar a dignidade e o respeito mútuo.
Na Lituânia, o presidente não exerce poder político diariamente, mas é responsável pela política externa e participa das cúpulas da UE.
Nomeia ministros, juízes e chefes do Exército e do Banco Central, mas na maioria das vezes precisa obter o consentimento do primeiro-ministro ou do Parlamento.
As assembleias de voto abriram às 07h00 (01h00 de Brasília) e devem fechar às 20h00 (14h00 de Brasília).
* AFP