O economista Gitanas Nauseda, sem antecedentes políticos foi o mais votado neste domingo no primeiro turno das eleições presidenciais lituânias e em duas semanas enfrentará a conservadora e ex-ministra das Finanças Ingrida Simonyte
O primeiro-ministro da Lituânia, o centro-esquerdista Saulius Skvernelis, foi eliminado da disputa e anunciou na noite deste domingo que renunciará ao cargo de chefe de governo em julho.
Os lituanos votaram, neste domingo (12), no primeiro turno da eleição presidencial, em meio a uma crescente diferença entre ricos e pobres no país, apesar do crescimento econômico invejável.
Nove candidatos disputaram o primeiro turno para substituir Dalia Grybauskaite, que encerra o seu segundo mandato, e que poderá tentar suceder Donald Tusk como presidente do Conselho Europeu.
Com o fechamento das urnas, a taxa de participação no pleito foi de 56,45%, segundo a comissão eleitoral.
A conservodara Simonyte é popular entre os habitantes urbanos abastados e instruídos, Nauseda propôs durante toda a campanha combater a injustiça social no país de 2,8 milhões de habitantes, com uma população em declínio devido à migração maciça de jovens para o Ocidente.
Já o derrotado primeiro-ministro de centro-esquerda fez uma campanha com conotações populistas que teve certa acolhida nas zonas rurais desfavorecidas.
Segundo um estudo recente da UE, cerca de 30% da população lituana "corre o risco da pobreza", e esse número é quase duas vezes maior nas zonas rurais.
"Os cidadãos têm fome de justiça social e buscam um candidato capaz de superar a polarização social atual", disse à AFP Donatas Puslys, analista do Instituto de Análise Política de Vilnius.
Todos os candidatos são partidários da União Europeia e da Otan.
Os lituanos viram seus salários crescerem quase 10% ao ano nos últimos dois anos. O salário bruto médio chegou a 970 euros. Mas a pobreza e a desigualdade de renda continuam entre as mais altas da UE.
- Contra os "elitistas" -
"Não podemos isolar Vilnius do resto da Lituânia", disse Simonyte, de 44 anos, em seu último comício na capital. Ela propôs reduzir as desigualdades estimulando o crescimento.
Ela também criticou os populistas que "sugerem soluções rápidas e simples, mas enganosas".
Liberal, Simonyte apoia a união entre pessoas do mesmo sexo. Uma eleitora de Vilnius, Giedre Stankute, disse à AFP no sábado que gostaria de "grandes mudanças, porque a Lituânia de hoje é muito conservadora".
Skvernelis, um ex-chefe de polícia de discurso franco, dirige sua campanha aos lituanos descontentes que vivem principalmente em áreas rurais.
Com 48 anos, às vezes impetuoso, ele chamou seus rivais de "elitistas" e prometeu "combater a corrupção de forma eficaz", reduzir a exclusão social e apoiar as famílias.
Ex-assessor de um banco mercantil, de 54 anos, Nauseda seduz os eleitores que procuram um presidente imparcial que supere as disputas políticas.
Tendo cumprido o seu dever cívico já na sexta-feira, no âmbito do voto antecipado, Nauseda disse sentir que tinha a pesada responsabilidade de reduzir a polarização e permitir a Lituânia recuperar a dignidade e o respeito mútuo.
Na Lituânia, o presidente não exerce poder político diariamente, mas é responsável pela política externa e participa das cúpulas da UE.
Nomeia ministros, juízes e chefes do Exército e do Banco Central, mas na maioria das vezes precisa obter o consentimento do primeiro-ministro ou do Parlamento.
As assembleias de voto abriram às 07h00 (01h00 de Brasília) e devem fechar às 20h00 (14h00 de Brasília).
* AFP