Delegados do governo e da oposição na Venezuela retomam nesta quarta-feira em Santo Domingo as negociações em busca de um acordo para as eleições presidenciais de 30 de abril.
A negociação entre os dois grupos foi estendida na noite de terça-feira.
"Decidimos manter o trabalho durante toda a noite (...). Amanhã (quarta-feira) reiniciaremos", disse na terça-feira Jorge Rodríguez, principal negociador de Maduro, após 12 horas de diálogos.
Rodríguez, ministro da Comunicação, assegurou que faltam apenas dois pontos de seis para chegar a um "acordo definitivo" e que "tem 98% de certeza" de que o objetivo será alcançado.
Os delegados do governo e da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que na segunda-feira tiveram um primeiro dia de discussões, tentam chegar a um acordo em um sobressaltado processo de diálogo que começou em 1º de dezembro na República Dominicana.
Mais cedo, o presidente venezuelano Nicolás Maduro, assegurou durante um conselho de ministros no Palácio de Miraflores, em Caracas, que os Estados Unidos pressionam os opositores para que não assinem um acordo.
"O Departamento de Estado está pressionando a toda a oposição para que não assine o acordo negociado (...), para sabotar o processo eleitoral da Venezuela", disse Maduro.
Mas depois, a embaixada dos Estados Unidos em Caracas escreveu no Twitter que "espera" que o governo de Maduro tenha a "coragem" de reformar o poder eleitoral - exigência da MUD - e entrar em um acordo para definir a data das presidenciais com a oposição.
Rodríguez assegurou que as partes tinham "aproximado posições" e disse que estão sendo negociadas as "garantias eleitorais" e as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos à Venezuela em agosto do ano passado.
Outros temas sensíveis são o reconhecimento da Assembleia Nacional Constituinte e a suspensão ao desacato do Parlamento de maioria opositora, declarado pela justiça. Também se discutem saídas para a crise socioeconômica do país.
- Garantias mínimas -
A antecipação das eleições, cuja data exata será fixada pelo poder eleitoral, acusado pela oposição de aplicar sistemas "fraudulentos" para garantir a permanência de Maduro no poder, tirou a MUD, rachada e com crise de credibilidade.
Encurralada, a coalizão anunciou que comparece para "exigir as garantias que permitam eleições justas" e também para "protestar pelas últimas decisões do governo e pelo avanço de sua visão totalitária".
O deputado Enrique Márquez, um dos negociadores da MUD, assegurou que entre as garantias eleitorais está a demanda de "observação internacional".
- Corrida contra o tempo -
A oposição precisa correr contra o tempo. Enquanto Maduro, cuja candidatura será oficializada no domingo pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PUSV), já está em plena campanha, a oposição ainda não decidiu se irá para as primárias ou se buscará rapidamente por consenso um candidato único.
A Constituinte ordenou que os maiores partidos da MUD se reinscrevam no poder eleitoral para poder disputar as eleições presidenciais, por não terem participado das eleições municipais de dezembro alegando que as eleições de governadores em outubro foram fraudulentas.
O Vontade Popular decidiu não participar na renovação. O Ação Democrática conseguiu neste final de semana as assinaturas necessárias, e o Primeiro Justiça voltará a tentar os próximos sábado e domingo.
A opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), liderada pelo deputado Julio Borges, comparece ao encontro com uma baixa sensível, Luis Florido, um de seus negociadores principais, que se ausentou em rejeição à recente decisão da Assembleia Constituinte de adiantar as eleições.
O encontro em Santo Domingo conta com presença dos chanceleres de Nicarágua e Bolívia, do embaixador do Chile, e do ex-chefe de governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, que servem de facilitadores.
Os chanceleres de Chile e México foram convidados pela MUD, mas o mexicano abandonou a negociação depois de criticar a antecipação das eleições.
* AFP