O Cpers realizou, na tarde desta segunda-feira, dia de volta às aulas na rede pública estadual, mais um ato em protesto contra o governo de José Ivo Sartori. A manifestação reuniu cerca de 400 pessoas, segundo a Brigada Militar. O sindicato, no entanto, estima que duas mil pessoas tenham participado, com apoio de núcleos do interior do Estado.
O ato teve concentração no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico, e começou com caminhada pela Avenida Mauá. Em frente à Secretaria da Fazenda, os manifestantes pediram a saída do secretário Giovani Feltes. Na sexta-feira, Feltes anunciou novo parcelamento de salário dos servidores estaduais.
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O trajeto do protesto continuou pela Rua João Manoel até chegar na Rua Duque de Caxias. Em frente ao Palácio Piratini, o Cpers promoveu uma "aula cidadã". Porém, não houve nenhuma encenação, apenas discursos no carro de som que acompanhava o ato.
Desmobilizados, muitos servidores assistiram à parte final da manifestação sentados embaixo de árvores ou em outros locais com sombra para fugir do calor. Com 37 anos de magistério, Edson Jesus Voscarelli, professor aposentado de matemática, física e biologia, viajou de Pelotas a Porto Alegre para acompanhar a manifestação da categoria.
– O pessoal está tão desmobilizado que até para protestar é fraco. Ninguém acredita mais que alguma coisa vá mudar – analisa. – A questão é: quem vai fazer um bom trabalho ganhando pouco, com salário parcelado? Não tem motivação – avalia o professor.
Funcionária da Escola Estadual Thereza Noronha Carvalho, na Lomba do Pinheiro, Maria Helena Borges acredita que a adesão ao movimento deve aumentar nos próximos dias.
– Ninguém está pedindo aumento. Só queremos nosso salário integral. Mas isso aqui é só o começo. Ele (Sartori) que nos aguarde – diz.
A presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, diz que ficou satisfeita com a mobilização desta segunda-feira. Segundo ela, a adesão foi satisfatória nas escolas, mas até o fim da tarde o sindicato ainda não havia divulgado um levantamento oficial da paralisação.
– Estamos dando um sinal vermelho para o governo. Nossa luta é contra o parcelamento dos salários, defasagem salarial, fechamento de turmas e a superlotação nas escolas que prejudica o ensino de qualidade – afirma Helenir.
Os professores vão aderir à greve nacional convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) para 15, 16 e 17 de março. No dia seguinte, 18 de março, o Cpers terá assembleia gerai para definir os rumos da paralisação da categoria.
– Nossa categoria terá de decidir pelo enfrentamento contra esse governo que tem a cara da destruição do nosso Estado – comenta a ex-presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, que lidera uma frente de oposição interna no sindicato.
*Zero Hora