
A taxa de desemprego registrada no Brasil chegou a 9% e atingiu 9,1 milhões de pessoas no trimestre encerrado em outubro, aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em um ano, 2,5 milhões entraram na fila do desemprego, quase 40% de alta.
Além do aumento no desemprego, o levantamento mostra que a recessão econômica tem empurrado centenas de milhares para a informalidade. Mais de 359 mil pessoas de carteira assinada perderam o emprego no período. Com o fechamento de vagas, o número de trabalhadores com carteira assinada no país ficou em 35,3 milhões, um recuo de 1% em relação ao trimestre anterior, quando era de 35,7 milhões.
Já o número de trabalhadores que atuam na iniciativa privada sem carteira cresceu 101 mil. Ao todo são 10,1 milhões de trabalhadores nessa condição no país.
- Se as pessoas perdem o emprego e não tem perspectiva de arranjar um outro em curto período de tempo, acabam optando por alguma atividade informal. É uma renda extra que garante a sobrevivência. Mas em geral isso significa um rendimento menor e em um período de inflação alta, aumento da pobreza - explica Luciano D'Agostini, pós doutor em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O índice de 9% é o maior da série histórica, iniciada em 2012. No trimestre anterior (maio-junho-julho), a taxa de desocupação tinha ficado em 8,6%. Os trabalhadores da indústria foram os mais atingidos no período. Em três meses, o número de empregados em fábricas brasileiras caiu 2,6% (336 mil pessoas). Em um ano a queda já chega a 5,6%, ou 751 mil pessoas.
Domésticos tiveram alta em empregos formais Por outro lado, cresceu o número de empregados domésticos. Em três meses, são 153 mil pessoas a mais empregadas com carteira neste ramo de atividade. Entre as razões está a mudança das leis trabalhistas, mais rígida, e o desaquecimento econômico.
O desemprego maior no comércio empurra de volta trabalhadores a ocupações "menos valorizadas socialmente", afirma Anselmo Santos, professor de economia no Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho do Instituto de Economia da Unicamp.
Mesmo que o salário seja semelhante, em geral quando o mercado de trabalho está aquecido, os trabalhadores preferem ser vendedores em lojas do que domésticos. As pessoas valorizam mais. Agora, sem oportunidade, acabam ocupando vagas que tem disponíveis - explica.
O rendimento real (descontada a inflação do período) piorou para a maior parte dos trabalhadores. No período de agosto a outubro, o salário médio no país foi de R$ 1.895, uma queda de 0,7% em relação aos três meses anteriores, quando ficou em R$ 1.907.
Pesquisas diferentes
A Pnad Contínua leva em conta a situação do mercado de trabalho em todo o país a cada três meses. Obtém informações socioeconômicas da população, idade, educação, trabalho e rendimento.
O IBGE também é responsável pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada a cada 30 dias e focada em indicadores do mercado de trabalho. É levado em conta a situação na região metropolitana de seis capitais, entre elas, Porto Alegre. Em novembro a taxa foi de 7,5%. Apesar de um recuo em comparação com outubro, o índice foi o maior para o mês desde 2008.