Luiz Antônio Araujo
A decisão da Carolina do Sul de arriar a bandeira confederada das proximidades de seu parlamento coincidiu com o 150º aniversário do último tiro disparado na Guerra de Secessão. Em 22 de junho de 1865, o cruzador CSS Shenandoah abriu fogo ontra uma baleeira americana ao largo das Ilhas Aleutas, então parte da Rússia, no Estreito de Bering. A Guerra de Secessão (1861-1865) opôs o Norte abolicionista (União) ao Sul escravista (Confederação).
No mastro principal do navio de guerra, tremulava uma bandeira em tudo semelhante à recolhida na Carolina do Sul. Exceto por um detalhe: enquanto a flâmula de ontem provavelmente nunca saiu de Colúmbia, a do Shenandoah foi a única de suas similares a dar a volta ao mundo.
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Durante seis meses, o cruzador havia dizimado a pesca baleeira da União, capturando ou afundando 38 barcos de bandeira inimiga. Com isso, abrira caminho para a substituição, pelo Norte, do óleo de baleia usado na iluminação por uma substância revolucionária - o querosene, derivado do petróleo.
O tiro de 22 de junho foi de advertência, e os baleeiros, surpresos, renderam-se. Ao subir a bordo do navio de guerra, confessaram seu assombro: a guerra havia terminado 10 semanas antes, com a rendição do general Robert E. Lee, comandante do Exército Confederado.
Luiz Antônio Araujo: crime de ódio ou terrorismo?
O comandante do Shenandoah, James Iredell Waddell, não acreditou. Ele só se renderia cinco meses depois, em 9 de novembro, em Liverpool, na Grã-Bretanha. A bandeira do Shenandoah pode ser vista hoje no Museu da Confederação, em Richmond, a antiga capital secessionista, no Estado da Virgínia. O episódio de Charleston mostra que está distante o dia em que símbolos similares deixarão de ser objeto de culto para se tornar peças históricas.
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