Dois estudantes foram mortos, na quarta-feira, durante protestos contra a presidente do Chile, Michelle Bachelet - que enfrenta uma crise de popularidade em função de escândalos de corrupção. Os estudantes tentavam pichar e colar panfletos em uma casa em Valparaíso, 120km de Santiago, quando foram atingidos por disparos feitos pelo morador do local, de 22 anos. O autor dos disparos foi detido, confirmou a polícia.
Os jovens mortos foram identificados como Exequiel Borvarán, 18, estudante do primeiro ano de psicologia, e Diego Guzmán, 25, estudante de Previsão de Riscos e integrante das Juventudes Comunistas, ambos alunos de um centro universitário de Viña del Mar.
Durante a noite, milhares de pessoas se reuniram em Santiago e Valparaíso carregando velas para homenagear os estudantes mortos.
- Condenamos todo tipo de violência e lamentamos a morte destes dois jovens - disse o ministro do Interior, Jorge Burgos, em uma declaração no palácio do governo, qualificando o incidente de um "ato delitivo".
Protesto
Na quarta-feira, milhares de estudantes se reuniram em Valparaíso, Santiago e outras cidades do país para exigir de Bachelet uma participação maior na reforma educacional. Em Santiago, 150 mil estudantes participaram da manifestação, segundo os organizadores, e 50 mil, segundo a polícia. Ao final da manifestação, pessoas com o rosto coberto entraram em confronto com a polícia.
- Não estão nos ouvindo para fazer a reforma. Queremos ser escutados. Estamos muito desiludidos, sempre é a mesma coisa e as reformas paralisam antes de conseguir algo bom de verdade - disse María José, uma estudante de 17 anos que marchava ao lado do namorado na Avenida Alameda, no centro de Santiago.
Ao ritmo de tambores e em meio a um clima festivo, os estudantes foram às ruas quatro dias depois de Bachelet mudar grande parte de seu gabinete, entre eles seu chefe de gabinete e o titular da Fazenda.
Bachelet tenta tirar seu governo da crise, depois de semanas de inatividade devido a escandalos de corrupção - um dos quais envolve seu próprio filho. A popularidade da presidente chegou a um mínimo histórico de 29%.
*AFP