Três refeições por dia, sem banho de sol e sem visitas. Os 11 presos em Florianópolis na Ave de Rapina da Polícia Federal completam neste sábado o 11º dia na mesma cela, no Complexo Prisional, no bairro Agronômica.
Na sexta-feira à tarde juntaram-se a eles Décio Stangherlin, executivo da Kopp Tecnologia, e Fabiano Barreto, funcionário da mesma empresa. Os dois foram presos no Rio Grande do Sul no dia que a operação foi deflagrada e transferidos de Porto Alegre para a capital catarinense. Ainda se juntou a eles Adriano Nunes - empresário foragido que foi preso pela PF no Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis.
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Nos primeiros 15 dias de adaptação não recebem visitas e só saem da cela para conversar com o advogado. Mesmo entre tantas restrições a movimentação é intensa, na porta do complexo prisional, que registra um entra e sai de advogados. Alguns deles tem até mais de um defensor.
De cabelos cortados com máquina número um e uniforme laranja, os 14 presos dormem em treliches em uma das celas da Central de Triagem. A tensão marcou os primeiros dias. O choque de realidade foi mais visível em alguns dos novos detentos que apresentaram sinais de queda de pressão e disenteria.
Advogados são o único contato
Na alimentação, o vereador Marcos Aurélio Spíndola, o Badeko, os ex-servidores da prefeitura e empresários presos recebem uma dieta de 2,2 mil calorias por dia. No café da manhã: pão com margarina, café e leite. No almoço: arroz, feijão, carne moída e salada. Na janta: arroz, purê de batata e frango.
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O advogado da empresa Focalle, João de Nadal, que tem acesso a José Norberto Dagostini e José Dagostini Neto detidos no complexo da Agronômica, visitou os empresários na última quinta feira.
Ele comenta que logo que foi decretada a prisão, pediu a revogação, mas foi negada e agora aguarda o encaminhamento do inquérito para tomar novas providências.
- Eles estão serenos, apesar de tudo. Estão mantendo a expectativa de que as coisas vão melhorar - observou o defensor.
Direitos e deveres são os mesmos para todos os presos
A falta da presença de familiares é um dos motivos que contribui para o abalo emocional dos detentos. Segundo o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), Leandro Lima, após o período de adaptação, os recém presos passam a ter os mesmos direitos e deveres que os demais detentos.
- A lei de tratamento é única e para todos. Já está aberto o cadastro para familiares que quiserem visitar. Eles devem fazer uma carteirinha - destaca Lima.
Segundo o delegado da Polícia Federal, Allan Dias, todos os presos na operação estão em prisão preventiva, ou seja, não há prazo legal para eles serem liberados. Diferente da prisão temporária, que é por um prazo de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco.
- A preventiva não tem prazo legal. É enquanto houver necessidade. Tem prazo doutrinário apenas de 82 dias que é o tempo normal de tramitação de um processo penal. Não tem prazo legal. Salvo alguma decisão do tribunal em contrário, todos vão permanecer presos - explicou Dias.