
A polemica do remanejamento de brigadianos de municípios do Interior para reforçar o policiamento da Capital ganhou um capítulo judicial. A Justiça de Pelotas deferiu parcialmente liminar que proíbe o deslocamento de policiais militares da cidade na Região do Sul para Porto Alegre. A decisão foi tomada na segunda-feira e atende a um pedido de uma ação civil pública, ajuizada pelo Ministério Público do Estado (MP-RS).
De acordo com os promotores Olavo Bueno dos Passos, da promotoria de Justiça Criminal, e Rodrigo Brandalise, da promotoria de Justiça Especializa, que entraram com a ação, foi solicitado que os PMS com atuação na Comarca de Pelotas não fossem transferidos para Capital e que os que já haviam sido enviados retornassem. O remanejamento de brigadianos do Interior faz parte de uma estratégia da BM para encorpar o patrulhamento em Porto Alegre, de forma semelhante ao que foi feito durante a Copa do Mundo.
O motivo da ação, conforme o MP, é o aumento nos índices de criminalidade e a falta de policiais na cidade.
Os indicadores criminais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública mostram, na comparação entre o primeiro semestre de 2013 e os seis primeiros meses deste ano houve, que a cidade teve aumento de 76% no número de homicídios (foram 25 em 2013 e 44 em 2014), 5% nos furtos (2.359 em 2013 para 2.473 em 2014), 8% nos furtos de veículos (310 em 2013 contra 335 em 2014), 14% nos roubos (1.059 em 2013 e 1.556 em 2014). Os roubos de veículos tiveram queda de 23% (170 em 2013 para 130 em 2014).
Na comparação entre os meses de junho do ano passado e deste ano, quando Porto Alegre recebeu PMs para o Mundial, também tiveram alta expressiva os números de homicídios (400% - foram cinco em 2014, e apenas um em 2013), furtos de veículos (142% - de 24 para 58) e roubos de automóveis (22% - foram 18 em 2013 e 22 em 2014). Na mesma comparação, por outro lado, os furtos caíram 15% (de 410 para 349), assim como os roubos 19% (302 contra 244).
A liminar atendeu parcialmente o pedido, determinando que os PMs remanejados terminem seu período na Capital até o fim, mas proibiu o envio de um novo grupo de brigadianos da cidade.
Em agosto, a Brigada Militar (BM) implantou o Comando Operacional de Policiamento (COP), baseado na experiência da Copa, quando cerca de 1,6 mil PMs de todo o Estado reforçaram o policiamento em Porto Alegre. No COP, em um sistema de rodízio, 150 brigadianos de todas as regiões passam 20 dias em Porto Alegre e retornam às suas bases. Da tropa de 200 policiais, que fica completa com outros 50 PMs de funções administrativas da Capital, 80% realiza policiamento a pé.
Conforme o MP, teriam sido solicitados 15 policiais em nível regional, sendo seis de Pelotas. A BM não informa quantos PMs remanejou de cada cidade e alega que a informação é estratégica. O comando-geral da corporação informou só irá se manifestar após ser oficialmente notificado da decisão.
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