Fernanda da Costa
Aos dois anos de idade, Maria* já venceu a morte. Filha de uma viciada em crack, foi parida na rua e deixada ao relento, para definhar. Encontrada com suspiros de vida, foi levada a um dos 47 abrigos públicos de Porto Alegre, que acolhem mais 806 crianças e adolescentes órfãos ou abandonados, muitos deles vítimas de maus-tratos.
Agora, mesmo sob guarda do Estado, Maria vive em um ambiente perigoso. Relatórios das vistorias mais recentes realizadas pelo Ministério Público Estadual (MP) em 47 dessas casas de acolhimento, entre o final de junho e o início de julho, mostram que só uma delas não colocava a saúde dos acolhidos em risco. Entre os problemas encontrados pelo MP estavam: escapamento de gás nos fogões, presença de ratos, fiação exposta e esgoto a céu aberto.