Após o atendimento emergencial a pelo menos 52 mil desabrigados e desalojados pela enchente da última semana em Santa Catarina, a prioridade das 53 cidades atingidas é a recuperação dos serviços básicos e da infraestrutura. Com a maioria das localidades livres da água, moradores que tiveram que deixar suas casas começam a avaliar os estragos e trabalham para retomar a rotina. A Defesa Civil estima que 1,9 mil pessoas ainda estejam fora de casa após as chuvas.
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Passado o sufoco inicial, os municípios contabilizam com mais precisão o número total de atingidos pelas águas. O diretor de Resposta aos Desastres da Defesa Civil, James Rides da Silva, explica que a prioridade durante a semana passada foi o atendimento direto aos atingidos; agora, os esforços estão concentrados na recuperação dos estragos. Esta etapa é chamada pela Defesa Civil de "reabilitação".
- Quando as pessoas começam a se reorganizar é que temos um panorama mais amplo do que aconteceu. Este número muda várias vezes por dia, acredito que o total de atingidos em SC chegue a 70 mil.
Silva afirma que durante 30 dias após o começo da enchente devem ser priorizados serviços básicos como pontes destruídas, serviços de saúde e abastecimento de água.
O prefeito de Itapiranga, Milton Simon, disse que pelo menos duas pontes do interior foram levadas pela chuva. Na área urbana, a avenida Beira Rio está cheia de rachaduras na pista e dois postos de saúde foram danificados.
O custo estimado para recuperar vias e espaços públicos é de R$ 10 milhões. A conta considera os dois dias em que as indústrias ficaram paradas, e os 80 estabelecimentos comerciais atingidos.
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O prejuízo calculado é o mesmo em Águas de Chapecó, para a recuperação de vias e prédios públicos. Segundo o prefeito, André Tormen, dez famílias de baixa renda perderam as casas, levadas pela enchente ou que ficaram inabitáveis.
Ontem os prefeitos dos municípios atingidos participaram de uma reunião de trabalho com a Defesa Civil em Xanxerê, com a presença do governador Raimundo Colombo e do secretário de Defesa Civil do Estado, Rodrigo Moratelli .
O governador assinou um novo Decreto de Emergência para agilizar a liberação de recursos e licitar a recuperação das rodovias estaduais. O texto deve ser publicado no Diário Oficial do Estado ainda hoje.
Estado deve liberar recursos emergenciais
Além dos alagamentos nas áreas urbanas, o excesso de chuva deixou muitas vias intransitáveis, o que dificulta o acesso, o escoamento da produção e a entrega de ração nas propriedades.
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O município de Seara, por exemplo, por pouco não ficou isolado. O acesso a Xanxerê pela SC-155 está interrompido, assim como o acesso a Chapecó, pela SC-283 - o desvio tem de ser feito por dentro do município de Arvoredo. O acesso a Concórdia, também pela SC-283, está em meia pista.
- Temos pessoas fazendo 50 a 60 quilômetros a mais em virtude de vias bloqueadas - afirmou a secretária de Desenvolvimento Regional de Seara, Gládis Regina Bizolo dos Santos.
O governador afirmou que o Estado vai liberar recursos emergenciais para os municípios atingidos, que podem ser utilizados para pagamento de óleo diesel das máquinas utilizadas na recuperação das vias.
- A primeira etapa foi o atendimento às famílias, a segunda etapa é restabelecer a mobilidade - disse Colombo.
O valor ainda não foi definido pois a Defesa Civil está fazendo o levantamento das necessidades de cada município. O secretário da Defesa Civil pediu agilidade das prefeituras em encaminhar a documentação comprovando as perdas.
O objetivo é levar o relatório a Brasília na próxima quarta-feira, quando está agendada uma reunião com os ministérios do Planejamento, Integração Nacional e Cidades. O Governo do Estado vai pedir recursos federais para auxiliar na recuperação dos municípios.
Escola básica no Meio-Oeste segue interditada
Mais de 300 alunos da Escola de Educação Básica Professora Maura de Senna Pereira tiveram as férias de julho antecipadas em Pinheiro Preto, no Meio-Oeste. O imóvel foi interditado pela Defesa Civil porque há risco de desabamento.
O retorno das atividades está previsto para dia 14, mas tudo vai depender da avaliação técnica do local, já que um morro que fica próximo da escola apresenta rachaduras. A sede da unidade também tem fissuras nas paredes, além de um barranco que desmoronou com as chuvas dos últimos dias.
Junho de 2014 entra para a história catarinense * Colaborou Daysi Trombeta