Exames residuográficos podem apontar se um revólver encontrado dentro de uma Fiorino foi usado para impedir a abordagem de dois soldados da Brigada Militar (BM), em Bento Gonçalves.
A suposta reação dos ocupantes do veículo durante uma perseguição, na madrugada de domingo, foi revidada pelos PMs. Os amigos Anderson Styburski, 16 anos, e Danúbio Cruz da Costa, 20, morreram com disparos na cabeça e em outras partes do corpo. Pela versão dos policiais, um dos rapazes da Fiorino atirou contra a viatura para conter a aproximação.
O motorista da Fiorino, Tiago Sarmento de Paula, 18, admitiu ter empreendido a fuga, mas negou a posse da arma. Como o veículo pertencia a um conhecido, Tiago temia levar multa e perder a carteira de habilitação provisória pois transportava passageiros (Anderson e Danúbio) irregularmente na caçamba. Instigado pelos amigos, optou pela fuga.
Um estudante de 15 anos, que estava na cabine, confirmou a versão de Tiago e também negou a reação contra os PMs. Ele também nega que havia uma arma no carro.
- Ficamos com medo de parar e dar problema por causa do pessoal a mais. Não tínhamos arma, não andávamos nem com uma faquinha - disse o adolescente ao Pioneiro.
Delegado plantonista da Polícia Civil, Clóvis Rodrigues de Souza diz que peritos recolheram um revólver calibre 38 de dentro da Fiorino. O revólver está registrado e não consta como furtado. Os investigadores tentarão localizar o dono para esclarecer como a arma foi parar ali.O nome do proprietário é mantido em sigilo para não atrapalhar a apuração.
A Fiorino, a viatura e as armas dos PMs também foram apreendidas para perícia. O carro da BM não tem marcas de tiros. Os dois policiais, Tiago e o adolescente prestaram depoimento ainda neste domingo.
- Todos os quatro jovens que estavam na Fiorino foram submetidos a exames residuográficos para determinar se havia vestígios de pólvora nas mãos - revela Clóvis.
A arma apreendida teve duas capsulas deflagradas. O exame residuográfico tentará descobrir se algum dos rapazes disparou a arma. O resultado dessa perícia pode demorar pelo menos 30 dias.
A Corregedoria-geral da BM assumiu a investigação paralela para apurar as circunstâncias da perseguição. Os dois soldados foram afastados das funções. A BM e a Polícia Civil não divulgaram o nome dos policiais militares envolvidos na ocorrência.