Em meio a tentativas de acordo e milhares de mortes nos conflitos internos na Síria, torna-se cada vez mais possível um conflito externo envolvendo o país governado por Bashar al-Assad e a Turquia.
Helicópteros sírios se aproximaram sábado em três ocasiões da fronteira com a Turquia, anunciou no domingo o exército turco, que enviou caças para patrulhar a área. Em comunicado, a Turquia ponderou que seu espaço aéreo não chegou a ser violado.
Os turcos disseram também que enviaram quatro aviões de combate F-16 de sua base de Incirlik (sul) depois que helicópteros sírios sobrevoaram uma área situada a cerca de seis quilômetros da fronteira, próximo do sul da província turca de Hatay.
Outros dois F-16 partiram da base de Batman, no sudeste da Turquia, quando um helicóptero sírio se aproximou da fronteira, nas imediações da província de Mardin (sudeste).
A tensão na fronteira turco-síria é intensa desde que a defesa anti-aérea síria derrubou, em 22 de junho, um avião turco F-4 Phantom no Mediterrâneo, próximo à Síria.
Acordo prevê um governo de consenso
No sábado, as potências chegaram a um acordo de que a saída para o conflito na Síria deve ser um governo de transição. O consenso só veio depois de os EUA cederem à pressão da Rússia e retirarem do documento a proibição à participação de Al-Assad, cujo papel no processo ficou incerto.
A proposta apresentada pela ONU estabelece que o novo governo seria formado por "consenso mútuo" - tanto o regime quanto os rebeldes poderão vetar os nomes indicados. Sugere que o gabinete supervisione a elaboração de uma nova constituição e organize eleições.
O documento foi assinado por chanceleres das cinco potências do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França), além de Turquia, Kuwait, Qatar, Liga Árabe e União Europeia. A Síria não participou.
A oposição síria rejeitou o plano. Rami Abdul-Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, disse que não haverá acordo com Al-Assad no poder. O regime sírio já declarou diversas vezes que não aceitará interferências externas.
A expectativa dos EUA é de que oferecer uma via negociada encoraje a Rússia a aumentar a pressão sobre o ditador sírio.