Grande parte do terreno da praça, de 3.692,75 metros quadrados na Rua Dario Totta, está ocupado. As famílias, algumas humildes, outras com recursos para construir boas moradias, aos poucos foram erguendo as residências. Agora, cientes da possibilidade de perda dos imóveis, os moradores estão preocupados. Eles garantem, porém, ter sido incentivados a avançar sobre a praça porque ela estava abandonada.
- Todos os brinquedos da praça foram levados. Não tem mais praça aqui faz uns oito anos - relatou a manicure e depiladora Carine de Castro Figueira, 30 anos.
O pai de Carine, Sidinei Figueira, está ampliando a casa junto à praça. Morador da região há mais de 20 anos, ele garantiu que não terá para onde ir se perder o imóvel. Assim mesmo, tem esperanças de mantê-lo:
- Mais arriscado é morar em uma casa que chova dentro ou que esteja caindo. Se tu moras em uma vila sem construir nada para ti, o que tu és? Um favelado.
A situação foi comunicada à Smam por um homem cuja identidade ele pede para ser preservada. Seu receio é de sofrer represálias quando se confirmar a reintegração de posse. A data já está marcada, segundo a Smam, mas a secretaria não divulga mais dados sobre o caso.
- Estou vendo, dia a dia, a praça ser desmatada e serem construídas casas novas. Mas o que mais me indigna atualmente é que faz três meses que a Smam tem conhecimento dessa situação e, até hoje, ninguém foi notificado disso - disse o homem.
A assessoria de imprensa da Smam explicou que "está ciente do problema e tomando as medidas legais cabíveis para solucionar a questão o mais breve possível". No entanto, admite que "a reintegração de posse de áreas verdes é um processo jurídico extenso, que envolve notificações e autuações prévias à desocupação propriamente dita".
O assessor jurídico da Smam, Marcelo Leal, concorda que praças não urbanizadas podem estar mais suscetíveis a invasões. Ele ressaltou que, entre a cerca de uma centena de áreas verdes ocupadas, também há praças caracterizadas como tais.
O Ministério Público Estadual tem acompanhado a questão da privatização de áreas públicas. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, o MP tem ciência de vários casos. Um deles é o da Praça Nelson Bório, no Passo da Areia. O condomínio Vivendas do Norte adotou o espaço e construiu nele um salão de festas e uma guarita de segurança.
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