O sorriso de Rafaela dos Reis Braga, quatro anos, se desfez ao ser atingido por uma bala perdida na nuca, no sábado. Com a Barbie em mãos e esperando batatas fritas, ela estava acompanhada da mãe e do padrasto, em uma lancheria de Cachoeirinha, quando foi atingida por um tiro. A menina foi enterrada neste domingo.
Às 22h30min, do sábado dois homens - um encapuzado e outro com um capacete - entraram atirando na lancheria da Rua Rio Branco. O alvo era Denison Luis Corrêa Franco, 29 anos. Ele foi surpreendido enquanto jantava com a namorada em uma mesa da frente da lanchonete. Atingido, teria tentado se refugiar no fundo do bar, mas foi perseguido ainda a tiros. Uma das balas das pistolas possivelmente ricocheteou ao bater na parede e atingiu Rafaela por trás.
- Primeiro pensamos que eram fogos de artifício, de repente entraram aqueles malucos atirando. Quando me virei, senti alguma coisa passando sobre a minha cabeça. Fui proteger a Rafaela e já encontrei ela caída e ensanguentada - lembra, arrasado, o padrasto José Gabriel da Silva, 34 anos.
O consultor fiscal e a mãe de Rafaela, Scheila Patrícia dos Reis, 34, ainda a levaram para o Hospital Conceição, em Porto Alegre. Mas a menina não resistiu. Scheila ainda estava em choque na manhã de ontem. Na casa da família, o clima era de revolta.
- Era uma menina cheia de alegria e carinho com todas as pessoas - lamentou o padrasto.
Rafaela foi sepultada ainda no domingo no Cemitério Municipal de Cachoeirinha.
A suspeita da polícia é de que Denison Luis Corrêa Franco tenha sido morto em uma execução ligada ao tráfico de drogas. O armamento restrito usado no crime reforçaria essa hipótese. Conforme a Polícia Civil, ele tinha antecedentes por este crime e havia pouco mais de um mês estava em liberdade. Os peritos contaram 28 perfurações a tiros. Foram recolhidos 26 estojos de calibres 380 e 40. A 1ª DP de Cachoeirinha investiga o caso e ainda não tem suspeitos.
Um mundo rosa e com princesas
Não bastava chamar a menina de Rafa, ou Rafaela. Era a Princesa Rafaela, como ela fazia questão de se apresentar. O quarto, os brinquedos, as roupas era em rosa, da Barbie ou das princesas. No começo do mês passado, quando completou quatro anos, o tema da festa de aniversário foi de todas as princesinhas. Na hora de cortar o bolo, ela pediu a uma tia só pedaços que tivessem as suas personagens favoritas.
- Foi um amor. Cortei cuidadosamente só a parte em que estavam as princesas. Só para ela - lembra uma tia.
Há dois anos, Rafaela frequentava a creche. Era uma das crianças mais participativas da turma. Nem a separação dos pais, há um ano e meio, mudou a forma espontânea com que Rafaela se comportava. Nos finais de semana visitava o pai e os avós paternos. Durante a semana, convivia com o padrasto.
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