Obviamente, estas práticas agravam ainda mais uma situação que já é ruim. Contudo, o principal fator que contribui para que o nosso desempenho futebolístico seja pífio é outro: a entressafra de craques no futebol brasileiro.
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Vejamos: Ricardo Teixeira foi acusado de corrupção na CBF. Sua administração, portanto, foi ruim. Porém, sua gestão foi uma das mais vitoriosas da história do nosso futebol. Seu polêmico mandato durou aproximadamente 23 anos (1989 a 2012). Na gestão de Teixeira, levando em conta apenas o time principal - sem contar categorias de base e seleção olímpica -, nossa Seleção ganhou todos os títulos possíveis: duas Copas do Mundo (1994 e 2002), três Copas das Confederações (1997, 2005 e 2009) e foi cinco vezes campeã da Copa América.
Entretanto, naquele tempo, vestiam a amarelinha grandes craques como Ronaldo, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, Kaká e tantos outros. Esse foi o fator preponderante para que a gestão de Ricardo Teixeira se tornasse vencedora. Na atual seleção, além de Neymar, qual é o jogador indiscutivelmente titular? Aliás, os reflexos desta carência de jogadores podem ser observados no nosso futebol. Dos poucos destaques que atuam no Campeonato Brasileiro deste ano, boa parte é de fora do país:
Lucas Pratto e Paolo Guerrero são exemplos disso. O Brasileirão - um dos campeonatos mais equilibrados do mundo - só chega a esse equilíbrio por causa de sua baixa qualidade técnica.
Enfim, todos sabemos que a corrupção, não apenas no esporte, é uma prática repugnante. Contudo, no futebol, para um time ou uma seleção se tornarem campeões, sobretudo como foi o Brasil na última década, não basta apenas uma boa gestão. Não basta apenas acabar com o conservadorismo, como pregam muitos. Precisamos de craques. Craques que façam a diferença dentro de campo. Jogadores que façam o que Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo fizeram contra a Inglaterra. Ou que façam o que Ronaldo fez contra a Alemanha. Infelizmente, essa não é a nossa atual realidade. Sejamos humildes. Vamos esquecer - momentaneamente - que somos a nação mais vitoriosa do futebol. É hora de recomeçar. Que venha a próxima safra!
De Fora da Área
Rodrigo Cassol Costa: a entressafra do futebol brasileiro
Para o estudante de Jornalismo, não basta apenas uma boa gestão para que uma seleção se torne campeã
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