Após o encerramento da quinta etapa do campeonato mundial de surfe da World Surfe League (WSL) na noite desta segunda-feira (horário brasileiro) em Fiji, com a vitória do australiano Owen Wright, os surfistas brasileiros seguem fortes na liderança do ranking mundial com Adriano de Souza e Filipe Toledo. Mas o que tem chamado a atenção é que a tempestade brasileira, como é conhecida essa boa fase do surfe nacional, parece ter perdido força no seu maior astro. Gabriel Medina acumula maus resultados e chega ao seu pior início de campeonato desde 2012, quando começou a participar do Mundial.
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Nas cinco primeiras etapas, Medina somou apenas 10.950 pontos. Em comparação ao ano passado, quando foi campeão, o brasileiro tinha 30.950 pontos após cinco etapas. Em 2015, foram três eliminações na terceira fase (13º lugar), uma eliminação na repescagem (25º lugar) e uma queda nas quartas de final (5º lugar). Em relação ao ano de 2013, que até então era o pior início do surfista, Medina havia conquistado um 3º lugar e somava 1.300 pontos a mais que em 2015.
A má fase de Medina destoa dos conterrâneos e líderes Adriano de Souza e Filipe Toledo, e é pior que dos calouros brasileiros. Em 20º, Medina está atrás de Wiggolly Dantas e Ítalo Ferreira, que estão no primeiro ano de elite. Jadson André também está a frente do campeão mundial e apenas Miguel Pupo, em 21º, vive momento parecido.
O surfista Fabinho Gouveia, que conquistou quatro etapas do mundial entre 1990 e 1992, avalia que Medina não está surfando mal e que ainda é cedo para descretar uma má campanha em 2015. Gouveia também ressalta da importância de manter o foco.
- Ele está surfando bem. Mas a verdade que ainda é cedo para falar. Tem muita onda pela frente ainda. O Medina não está surfando mal, às vezes é má sorte. A grande questão é manter o foco na competição e no surfe, mas hoje isso é muito mais complicado, tem patrocinador, um monte de eventos e treinos e fans e mídia - disse o surfista paraibano que hoje mora em Florianópolis.
Com 34 atletas na elite do surfe da World Surfe League, os últimos 12 voltam para o World Qualifying Series em um espécie de segunda divisão mundial. Medina, em 21º, está à beira dessa zona de rebaixamento, mas ainda tem seis etapas do WCT pela frente e pode também disputar competições menores para somar mais pontos.
Slater e Fanning tropeçaram após títulos
O americano Kelly Slater, o maior campeão mundial de surfe com 11 títulos, falou ainda ano passado que a pressão sobre Gabriel Medina iria aumentar após a primeira conquista. Mas Slater também é exemplo pela história de seus resulltados. Após o primeiro título, em 1992, não fez uma grande campanha em 1993, ficando em sexto lugar e conquistando apenas uma etapa do circuito.
Kelly Slater em etapa do mundial de 2015
Mick Fanning também seguiu o mesmo caminho. O australiano campeão mundial em 2007 pela primeira vez, terminou a temporada de 2008 em 8º, sem nenhuma etapa do circuito conquistada. Depois Fanning ergueu mais dois mundiais, em 2009 e 2013 antes deixar o caneco com Medina em 2014. Por outro lado, os três títulos do havaiano Andy Irons, morto em 2010, vieram em sequência entre 2002 e 2004.
Fanning, em 4º lugar, também é único campeão mundial que disputa a atual competição que está bem classificado em 2015. Slater é 11º, Joel Parkinson é 15º, Medina está em 21º e Clifton James Hobgood é o 37º colocado. Essa perpectiva mostra que o WCT está mais dinâmico que a as novas gerações tem dado trabalho aos mais experientes. Em cinco etapas, foram cinco campeões diferentes.
- Os caras estão lutando para estar em cima. Os veteranos tem que focar no cada um tem de melhor. A evolução deles é mais lenta, depois de tantos anos no surfe. Também tem a questão do corpo, as recuperações são mais lentas, tem que cuidar. Mas piscicologicamente estão mais equilibrados - avalia Gouveia.
A próxima etapa do campeonato mundial de surfe será em Jeffreys Bay, na África do Sul. A janela da competição começa no dia 8 de julho e se fecha no dia 19.