Dos males para o Fluminense, o menor. A primeira derrota do Tricolor contra o Boca Juniors acabou sendo em uma partida em que o clube carioca já estava garantido na próxima fase da Copa Libertadores. Dentro do Engenhão, a equipe argentina arrancou uma vitória por 2 a 0 e acabou confirmando sua vaga nas oitavas de final da competição, e tirando a campanha 100% dos brasileiros.
Mesmo com o estádio cheio em uma bela festa da torcida tricolor, o Fluminense acabou mostrando-se um pouco nervoso, e o Boca soube aproveitar as chances que teve em uma partida em que todos os jogadores cumpriram suas funções.
Se desta vez o Boca não tinha Riquelme, tinha Cvitanich, que voltava de lesão e não esteve no jogo em Buenos Aires. O atacante mostrou-se o jogador mais perigoso do time argentino, talvez até mais do que o apoiador na primeira partida entre os dois clubes, e tornou-se no grande nome do jogo pelo lado dos vencedores, ao lado de Chavez, o substituto de Román. O jogo serviu ainda para manter uma escrita pessoal. O veterano zagueiro Schiavi, de 39 anos, continua sem perder dentro do Brasil, enquanto visitante (ele jogou no Grêmio).
O Fluminense continua com 12 pontos e pode ser ultrapassado pelo Vélez Sarsfield como a melhor campanha da primeira fase. O Boca chegou aos 10. Na próxima rodada, o Tricolor visita o Arsenal, e os argentinos recebem o Zamora. Os dois jogos são no dia 18/4 às 19h45.
PRIMEIRO TEMPO
O nervosismo foi o pior inimigo do Fluminense no primeiro tempo. Com menos de três minutos de jogo, o Tricolor já tinha errado dois passes bobos e oferecido ataques ao Boca. A primeira finalização dos argentinos veio logo nesta altura, mas Santiago Silva isolou.
Depois desse ímpeto inicial do Boca, Deco e Thiago Neves trataram de usar a experiência para cadenciar o jogo e acalmar os volantes e os zagueiros. As principais jogadas de ataque saíam pelas pontas, procurando a linha de fundo. Mas os principais ataques eram argentinos.
A defesa do Fluminense não conseguia cortar as bolas, os rebotes sempre ficavam com a dupla formada por Santiago Silva e Cvitanich, que faziam muita pressão na saída de bola.
Foi preciso um ataque mais perigoso do Boca para o Flu acordar. Depois de uma sequência de chutes dos argentinos, os brasileiros foram para cima, e Fred recebeu cruzamento que veio da direita. Roncaglia não alcançou, e a bola sobrou para Fred, que chutou forte para boa defesa de Orión.
O lance diminuiu o ímpeto do Boca e animou o Tricolor. Faltava um pouco da velocidade de Wellington Nem, que apareceu neste momento. Fez duas boas jogadas pelo lado direito, sendo que em uma delas sobrou para Diguinho, que não completou com precisão de fora da área.
Diguinho, aliás, que se transformou em um personagem nos minutos seguintes. Fez duas faltas duras seguidas, sendo uma sola em cima de Erviti que poderia até ter sido expulso. E logo depois, o nervosismo do início do jogo e foi fatal. Schiavi deu um chutão do campo de defesa, Santiago Silva atrapalhou o corte de Leandro Euzébio, que cortou para trás. Sobrou para Cvitanich, que foi agarrado por Diguinho. O atacante não caiu e chutou no fundo da rede de Diego Cavalieri.
O Fluminense ainda teve duas chances antes do intervalo. Mas na primeira, foi uma jogada aérea para Wellington Nem, mas a altura não o ajudou e Orión cortou. Na segunda, o baixinho mostrou raça e cruzou para Fred, que não cabeceou com precisão.
SEGUNDO TEMPO
Na etapa final, Abel resolveu tirar Edinho e colocar Jean, mas ele também demonstrou nervosismo no início, com erro de passe. Mas essa não seria a tônica do segundo tempo. O Fluminense demonstrou que voltava do vestiário para atacar e tentar o empate. Até os 10 minutos, o Boca só atacava com a mesma dupla do início, e o resto ficava atrás da bola.
O Fluminense tentava aproveitar a posse de bola e o apoio da torcida, que lotou o Engenhão. Wellington Nem continuava sendo o melhor do time, em noite de Thiago Neves apagado. Aos 15 minutos, os gritos e pedidos por Lanzini ecoavam das arquibancadas. Mas foi Rafael Moura que ganhou chance e entrou no lugar de Fred, que pediu para sair.
O Boca Juniors demonstrou-se um time experiente e que sabe segurar um resultado favorável, e que acima de tudo, garantia os Xeneizes nas oitavas de final da Copa Santander Libertadores. Muita tranquilidade na hora de cadenciar o jogo, para passar a bola no meio de campo e na intermediária adversária até chegar na dupla de ataque. Por falar em Santiago Silva e Cvitanich, a pressão exercida na saída de bola mostrava-se uma arma quase fatal do Boca. Os defensores do Fluminense não sabiam fazer a função com qualidade.
Aí voltou a aparecer a qualidade de Deco. O luso-brasileiro fez belo lançamento pelo alto e encontrou Thiago Neves quase na pequena área. O apoiador não pegou como queria. A dupla de armadores só aparecia quando a bola chegava, pouco voltavam para buscar. Quando começaram a fazer isso, os ataques brasileiros apareceram com mais frequência.
A melhor chance do Fluminense no segundo tempo veio apenas aos 28 minutos e em bola parada. Deco cobrou da intermediária, e Santiago Silva desviou para trás, e quase enganou Orión.
O problema é que na resposta desse lance, o Boca fez o segundo, em jogada apenas com atletas que tinham entrado na segunda etapa. O contra-ataque comandado por Santiago Silva, o único do lance que começou jogando, culminou em cruzamento de Mouche. Jean não alcançou a bola, e Juan Miño aproveitou e chutou para fazer o segundo.
O gol fez Abel ouvir a torcida e colocar Lanzini. Quem saiu acabou sendo o lateral Bruno. Mas quem cresceu ainda mais no jogo foi Wellington Nem. Muita velocidade e dribles que atormentavam os argentinos. Até que deu certo, mas nem tanto. O jogador arrancou pelo meio e foi derrubado por Schiavi. O juiz não deu pênalti, mas o auxiliar bancou e o árbitro Darío Ubriaco foi na dele. Rafael Moura cobrou e Orión caiu para o seu lado esquerdo e defendeu.
O Fluminense acabou ficando sem forças, e o Boca garantiu a vitória e a classificação para as oitavas de final.
No Engenhão
Boca vence Fluminense, no Rio de Janeiro, e garante vaga nas oitavas
Essa foi a primeira derrota do time carioca na Libertadores
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