Bruno Felin
Uma cruz descoberta em Camaquã, no sul do Estado, está ajudando a comprovar que os jesuítas ensinaram os índios a trabalhar com metais. Está cada vez mais claro que o artefato encontrado por Édison Hüttner, doutor em teologia e coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Arte Sacra Jesuítico-Guarani da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), ocupou o campanário da Igreja de São Miguel das Missões, edificada no século 18.
Desde que a encontrou, em 2010, Hüttner trilha o caminho de pesquisa para comprovar a origem da enorme cruz de aço, que mede 2m24cm de altura por 1m11cm de largura.
Até o ano passado, as principais evidências históricas vinham dos livros e da comparação com a litografia realizada pelo médico pesquisador francês Alfred Demersay em 1846. Mas as pesquisas evoluíram. Exames metalográficos, coordenados pela professora Berenice Anina Dedavid, do centro de Microscopia e Microanálise da PUCRS, comprovaram que a cruz tem tudo para ter sido produzida dentro da redução de São Miguel das Missões.
- As inclusões no metal mostraram que o aço da cruz tem composição química semelhante à terra e ao minério de ferro presentes naquela parte do Estado - explica Berenice.
O professor Édison Hüttner com a cruz - Foto: Bruno Alencastro