
As carcaças de duas baleias azuis, os maiores mamíferos do planeta, encalharam neste mês nas praias da ilha canadense de Newfoundland. Duas pequenas comunidades de pescadores agora enfrentam uma ameaça pouco comum: remover os gigantes corpos em decomposição antes que eles explodam.
Não é vinheta de Sessão da Tarde. O risco, bastante real, é obra do gás metano, que vem inflando os corpos dos animais. A bomba-relógio alojada desde a última sexta-feira no píer de Trout River, cidade que abriga cerca de 600 habitantes, tem 25 metros de comprimento. Devolvê-la a alto mar não é opção, de acordo com agências do governo canadense, que apontaram os perigos para a navegação.
Jack Lawson, cientista do Departamento de Pescas e Oceanos do Canadá, disse ao National Post estar mais preocupado com a possibilidade de alguém cair dentro do bicho do que com uma explosão, já que a decomposição da pele do animal representa uma armadilha.
Diretor de coleções e pesquisa do Museu Real de Ontario (ROM, na sigla em inglês), Mark Engstrom concorda, sugerindo que as carcaças devem agora murchar, passando por um período de "deflação". Mas, mesmo que o gás metano não produza nada de espetacular para os olhos, ele vem operando uma catástrofe para os narizes: em Rocky Harbour, o prefeito Water Nicolle prevê que, em pouco tempo, o cheiro exalado pela baleia de 20 metros afetará toda a comunidade de cerca de mil pessoas.
- Segurança é uma questão com a qual nos preocupamos, mas, se explodir ou não, como nossas temperaturas estão subindo, haverá um cheiro horrível à medida que este animal se decompõe - disse Emily Butler, prefeita de Trout River.
Um time de pelo menos 10 pesquisadores do ROM deve chegar a Newfoundland na semana que vem, munidos de navalhas para cortar a carne das carcaças antes de desmantelar os esqueletos, que ficarão à disposição da comunidade científica para estudos. Os trabalhos devem se estender por duas semanas, e serão necessários pelo menos 18 caminhões para transportar os ossos até Ontario, segundo Engstrom.
Acredita-se que essas sejam duas dentre nove carcaças de baleias azuis que morreram presas sob o gelo maciço da costa atlântica canadense nas últimas semanas. A baleia azul está ameaçada no noroeste atlântico, com uma população estimada de apenas 250 indivíduos antes das nove mortes registradas recentemente.