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Na pandemia, os shoppings ficaram fechados por bastante tempo e, agora, precisam se reinventar. Tendem a apostar, cada vez mais, nos espaços de convívio e, para isso, contam com a expansão dos serviços. É o que relata Vander Giordano, vice-presidente Institucional da Multiplan, gestora de 19 unidades no país, entre elas o BarraShoppingSul, em Porto Alegre, e ParkShopping, em Canoas.
O executivo recorda que, em 2020, a empresa tomou medidas para melhorar a higienização, contratou infectologistas para testes de superfícies e nenhum acusou a presença do vírus no ambiente. Da mesma forma, conta, o setor buscou consultoria no Hospital Sírio Libanês, a fim de elaborar os próprios protocolos de prevenção.
No que se refere aos negócios, Giordano explica que, ao longo do ano passado, assim como o comércio digital avançou sobre o varejo físico, o movimento oposto também ocorreu. E cita o aplicativo Multi, que, desde 2019, possibilita aos frequentadores da rede fazerem pedidos e receberem compras em casa. Nos últimos meses, a procura evoluiu e o diferencial, aponta, é que, diferentemente do e-commerce, os prazos tendem a ser menores.
— É um canal adicional, que não substitui o evento sensorial da compra. Com a vacina, o volume de pessoas em shoppings já é maior do que em 2019. É uma combinação de elementos que vai fazer a retomada do varejo e dos shoppings, porque o digital não tem a mesma capilaridade — argumenta.
Outra iniciativa associada à pandemia é o projeto-piloto, lançado dia 11 de novembro, na unidade de Ribeirão Preto (SP). Trata-se de MultiSer, um centro de gestão das emoções, idealizado pelo fundador da Multiplan, José Isaac Peres, com curadoria do psiquiatra Augusto Cury.
A iniciativa disponibiliza 16 profissionais em espaço de 500 metros quadrados para tornar mais acessível o atendimento psicológico dos consumidores que por ventura sofram de transtornos crescentes em razão da pandemia, como a depressão e a ansiedade.
Soluções nas indústrias
Na indústria, segmento em que protocolos de segurança e equipamentos de proteção individual (EPIs) já eram bastante adotados, a covid-19 trouxe novos parâmetros. O principal, comenta o coordenador do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias do RS (Fiergs), Guilherme Scozziero Neto, foi a ocupação de espaços no chão de fábrica.
É que, com a determinação de distanciamento entre os colaboradores, analisa Neto, além da adoção de estruturas de separação entre funcionários, para proteger as vidas, foi preciso pensar na saúde financeira das linhas de produção. Na Gerdau, o momento de incertezas que antecipava crise sem precedentes chegou acompanhado do Realizar, um projeto capaz de gerar economia de R$ 830 milhões, sem um só corte de emprego, mas com muita inovação e criatividade.
Do total, cerca de R$ 200 milhões, ou 24%, foram obtidos em um dos nove grupos de trabalho, liderado pelo gerente-executivo da Gerdau Riograndense, Jean Peluso. Ele explica que com 25 anos de casa, e em função de liderança para 1,2 mil funcionários, participou da experiência com metodologia ágil, sem hierarquias e com autonomia para enfrentar e solucionar problemas. A premissa inicial: manter o principal capital da companhia: as pessoas.
— Foram várias iniciativas, mas, quando nos propomos a pensar de forma diferente da tradicional, surgem oportunidades que não aconteceriam dentro de uma visão mais clássica — resume.
Uma delas, conta Peluso, diz respeito a reaproveitar matérias-primas disponíveis, antes, tratadas como um coproduto, e, agora, reutilizadas. A alteração foi eficaz para enfrentar o cenário de dificuldades de fornecimento e custos em elevação, devido a retração da atividade econômica em todo o planeta.
Novos produtos
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A responsabilidade do momento exigia olhar para fora das fábricas. E foi com essa premissa que a Marcopolo lançou, em 2020, soluções de biossegurança para tornar o transporte coletivo mais seguro diante das contaminações virais.
Além de opções com maior distanciamento entre os bancos, há o FIP Onboard, produto atóxico, aplicado rapidamente no salão de passageiros dos ônibus, cabine do motorista e bagageiro. A substância cobre 100% das superfícies, em 20 minutos, e garante proteção por até três dias.
Gerente de Engenharia do Produto, João Gabriel Magnabosco, lembra que tudo aconteceu de maneira paralela às medidas internas e revela que estudos relacionados à biossegurança já eram conduzidas e a pandemia acelerou os processos. Um exemplo é a pesquisa sobre as características sanitárias da luz UVC (ultravioleta). Agora, a tecnologia foi instalada nos sistemas de refrigeração e nos banheiros dos veículos.
A ideia consiste em expor o ar a um banho de luz UVC na saída dos equipamentos, como se fosse uma cortina de luz, que auxilia a manter a “descontaminação” no ambiente. Desde o lançamento da plataforma BioSafe, 75% dos veículos da linha de produção contam com alguma das soluções, diz Magnabosco:
— Era algo para o futuro que fica como um legado. Naquele momento, pensamos no que poderíamos deixar como contribuição sanitária nos produtos, trazendo um impacto maior para a preservação da segurança de todos que utilizam o transporte coletivo.
Modelos adicionais aos negócios
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Em março de 2020, a palavra de ordem na rede hoteleira era adaptação. No Plaza São Rafael, a gerente comercial Heloísa Pacheco conta que, assim como em outros segmentos, isso significava reavaliar o modelo de negócios.
Com a proibição dos eventos, o Plaza, onde a maior parte das hospedagens é de caráter corporativo, disponibilizou um estúdio com telas de LED para teleconferências de empresas. A medida, pensada para o auge da crise, segue com demanda para atividades presenciais que, cada vez mais, precisam contar com participações a distância.
Projeto Bússola
Esta reportagem integra a série que o Grupo RBS preparou para a retomada econômica com iniciativa do setor produtivo. Quatro temas fundamentais foram mapeados e serão aprofundados pelo Projeto Bússola, que tem patrocínio do Sebrae: capacitação de profissionais, distribuição e logística, sustentabilidade e novas regras sanitárias. A série será veiculada em GZH, Zero Hora, Rádio Gaúcha, no "Gaúcha +", e RBS TV, no "RBS Notícias".
Outro movimento intensificado e que continua frutificando foi a transformação de áreas de hospedagens para ambientes empresariais. Hoje, dois andares das torres de apartamento abrigam escritórios que já contam 90% de ocupação. Um dos recém chegados no Plaza Hub, por exemplo, é o gabinete de inovação da prefeitura de Porto alegre.
Após a reabertura das portas, a limpeza também foi acentuada. A partir de uma consultoria sanitária, novos produtos de utilização hospitalar passaram a ser empregados nas superfícies. Normas de higienização de apartamentos, como a redução de enxoval extra e esvaziamento do frigobar, para evitar a manipulação, seguem parte dos protocolos adotados nos cinco estabelecimentos da bandeira e asseguram a funcionários e hóspedes estadias menos expostas aos riscos de contaminação.