Redação Donna
Antigamente, era comuns as famílias gigantes, com muitos filhos. Hoje, até um parece demais. Se em outros tempos vários rebentos eram sinônimo de casa cheia e um quadro que mais simbolizava alegria do que preocupação, agora, ter mais de dois filhos geralmente é visto como sinônimo de despesa e pouca qualidade de vida.
Ano a ano, a quantidade de filhos por mulher está diminuindo. A chamada taxa de fecundidade mensurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) despencou de 6,28, em 1960, para 2,38, em 2000, e, agora, está em menos de dois.
Na contramão da história, alguns casais ainda topam encarar por três vezes ou mais as alterações na rotina, as noites mal dormidas, os gastos com fraldas e as repetidas doses de mamadeira. Eles fazem parte de um grupo que, além de coragem, têm a crença de que formar uma família grande vale a pena.
É o caso de Mariana Selistre, 33 anos, que, ao lado do marido, Frederico Ribeiro Barbosa, 34 anos, já passou quatro vezes pelo ciclo gestacional e acaba de aumentar a família com a chegada da primeira filha mulher. Para ela, falar sobre o assunto é mostrar seu maior orgulho:
- A minha casa vive cheia de vida e alegria. Aqui não existe monotonia.
Mãe de Lucas, nove anos, Caynã, oito anos, João Pedro, três anos, e Manuela, três meses, ela largou a faculdade, abriu uma empresa com o marido e deixou para estudar e se divertir depois. Ela não abdicou da realização profissional: apenas seguiu outro rumo e optou pela profissão "mãe", garante. Junto a isso, deu um jeito de tocar a vida adiante. O marido também parou os estudos.
Para dar conta da criação da tropa, o casal resolveu ir para o Interior. Em Santo Antônio da Patrulha, ficaram mais perto da família e mais longe dos altos preços da vida na Região Metropolitana, onde moravam:
- Levamos em conta que aqui há mais possibilidades de investir em uma boa casa, com pátio, em um bom colégio particular.
Como são donos do próprio negócio, fica mais fácil jogar com os horários. No almoço, procuram comer juntos, na correria.
A inspiração de Mariana veio de casa. Integrante de uma família grande, passou a infância rodeada de primos, tios e irmãos. O fato levou a jovem a querer repetir o modelo, o que é motivo de orgulho para o pai, o aposentado Mauro Batista Brito de Oliveira. Com os quatro netos, Oliveira gaba-se para os amigos que ainda esperam para ser avôs. Ciente de que a filha não seguiu o padrão dos jovens da sua época, ele compreende que a escolha foi bem pensada:
- Com o estilo de vida e a informação que se tem hoje, quem tem filho é porque quer.
Proveniente de uma geração em que a criação não exigia tantos cuidados "supérfluos" além de educação, saúde, moradia e alimentação, Oliveira diz que, embora os tempos sejam outros, ele deixou o exemplo de batalhar pelo que se quer conquistar. E essa é a regra básica que Mariana leva em conta para administrar seu familião.
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