Receber e-mails e telefonemas dos leitores sempre é bom, mesmo quando eventualmente se trata de uma crítica. Sinal de que o que você escreve desperta alguma reação nas pessoas, e sugestões de como melhorar o trabalho são sempre muito bem vindas. Às vezes a mensagem surpreende, como a que recebi dias atrás, de uma leitora de 16 anos. Sem mencionar o nome dela, vou descrever o conteúdo da cartinha.
"Será que você pode me ajudar? Conheci um menino na minha escola há cinco semanas. Somos namorados há duas semanas e meia. Ele tá querendo vir aqui em casa falar com meus pais. Será que tá na hora já? Tenho um pouco de medo-, já tive vários namorados, mas nenhum que meus pais tenham conhecido. E aí, o que devo fazer? OBS: minha mãe já sabe dele, somente meu pai que não. Fico no aguardo, agradeço desde já".
Eu li, reli, mostrei para algumas colegas e perguntei: e aí meninas, o que eu respondo?
Sou jornalista, não psicóloga, e não tenho filhas, só filhos, que já passaram da adolescência. Expliquei para a menina que eu não me achava a melhor pessoa para responder a sua dúvida, pois não sou psicóloga. Mas eu não podia simplesmente abandoná-la, sem pelo menos tentar ajudá-la.
Então, fui sincera. Disse que eu poderia dar a minha opinião como mulher ? alguém que também já teve 16 anos e que igualmente ficava em dúvida se já era hora ou não de apresentar o namorado para os pais. Se eu pudesse ajudá-la com a minha própria experiência, ótimo. Caso contrário, ela só teria que deletar o e-mail e pedir opinião para pessoa mais abalizada no assunto.
Sugeri que ela esperasse um pouco mais para apresentar o garoto para os pais dela, primeiro porque eles só estão namorando há duas semanas. Havia também o fato deles só se conhecerem há cinco semanas. Será que o namoro não rolou cedo demais? Disse, ainda, que ela me parecia estar insegura em relação aos seus sentimentos. Ressaltei, entretanto, que o fato do menino querer conhecer o sogro e a sogra me parecia positivo, sinal de que ele estava interessado em levar o romance adiante. Só sugeri que ela tivesse um pouco mais de cautela, porque senão fica naquela lenga-lenga de apresenta aos pais, termina o namoro, apresenta outro, termina de novo...No fim, corre o risco de ninguém mais levá-la a sério.
Mandei a resposta por e-mail, com uma pergunta no final: será que te ajudei?
Ela me mandou outro e-mail, muito sincero: "Você me ajudou. Um pouco. Agora vou atrás de um psicólogo para ver se consigo uma opinião de quem realmente entende do assunto.
Será que escrevi alguma besteira? Ou as coisas mudaram tanto assim nas últimas três décadas e eu nem me dei conta? Acho melhor eu desistir de opinar sobre a vida dos outros.
Tomara que a minha leitora tenha conseguido esclarecer suas dúvidas, e que o namoro lhe traga muita felicidade.