Redação Donna
Desde 2007, Márcia Jaqueline Araújo faz parte de um seleto grupo de mulheres que alcançam o posto de primeira-bailarina de uma companhia. Foi no Theatro Municipal do Rio de Janeiro que ela deu seus primeiros passos profissionais e hoje ocupa com honra um cargo almejado na companhia, ao lado de nomes como Ana Botafogo, Cecília Kerche e Cláudia Mota.
Poucos sabem, mas Márcia, que chega a Joinville hoje para ser uma das protagonistas do Projeto Aplausos, também passou pelas etapas competitivas do Festival de Dança de Joinville, quando ainda era iniciante pela Escola Estadual de Danças Maria Olenewa. O retorno à cidade foi repetido diferentes vezes, inclusive em noites consagradas, mas esta é a primeira vez que a bailarina vem para um evento fora deste circuito.
Márcia, acompanhada do bailarino Moacir Emanuel, encerra a noite de gala que ocorre às 20h30 na Sociedade Harmonia-Lyra com o grand pas-de-deux de "Don Quixote". A bailarina, que já dividiu o palco com Gustavo Molajolli, Nanon Thibon, Boris Storojkov, Slawa Muchamedov, Richard Cragun, Olga Evreinoff, Valdimir Vassiliev, Nathalia Makarova e Tatiana Leskova, virá acompanhada de integrantes da Companhia Brasileira de Dança.
O espetáculo conta com oito interpretações de trechos de balé de repertório clássico, neoclássico e contemporâneo. Aplausos é um projeto do produtor cultural Darling Quadros, aprovado pelo Mecenato 2010, do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec).
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Entrevista: Márcia Jaqueline
AN - Quantas foram as participações no Festival de Dança de Joinville e qual a sua impressão sobre o evento?
Márcia - Já participei quatro vezes do Festival de Joinville. A primeira quando ainda era da Escola Estadual de Danças Maria Olenewa, duas vezes com o Ballet do Theatro Municipal do Rio de janeiro, uma dançando o "Lago dos Cisnes" e a outra "A Criação" (ballet do coreógrafo Uwe Scholz ). Também participei na Gala das Estrelas dançando o grand pas de deux de "O Corsário". A impressão que se tem do festival é sempre boa, por ser um festival grandioso, onde reúne tantos talentos num mesmo lugar, além de proporcionar um grande aprendizado para aqueles que participam. Todas as vezes que participei foi emocionante, o público muito receptivo e caloroso.
AN - Como é voltar para Joinville fora do festival?
Márcia - Um prazer, pois é uma maneira também de mostrar que além do grande Festival de Dança de Joinville pode-se ter eventos como este tão bem organizado e que tem como grande objetivo atrair o público, mostrando o universo do balé.
AN - Em Joinville são poucas as apresentações de balé clássico com bailarinos de fora, exceto durante o festival. Como você vê o momento atual da dança clássica no País?
Márcia - Eu penso que ainda falta mais atenção para a dança clássica no nosso País. Por exemplo, são tantos bailarinos sendo premiados em concursos internacionais e reconhecidos fora do País que aqui mesmo não têm uma companhia para ficar. Por ter poucas companhias na área do clássico, somos nós que perdemos de ter esses tão talentosos bailarinos conosco. O mais importante, na minha opinião, é a falta de investimento. Eu danço em muitos festivais pelo Brasil e vejo a vontade que as pessoas tem de dar continuidade a esses eventos e como é difícil, pois sempre a área afetada e verbas cortadas são as da cultura e isso dificulta muito o crescimento da dança e a qualidade também.
AN - Qual é o peso de ser primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro?
Márcia - Ser primeira-bailarina do Theatro Municipal sempre foi um sonho, e o peso desta conquista é muito grande. É um cargo de muita responsabilidade e dedicação. Mas saber que ao meu redor tenho um corpo de baile tão bom e profissional, me dá muita segurança durante todo o meu trabalho, e principalmente quando estou em cena.
AN - É a primeira vez que se apresenta com a Companhia Brasileira de Dança?
Márcia - Eu já me apresentei com a Companhia Brasileira de Dança, que é dirigida pelo Jorge Texeira, mas não com todos que estão participando deste espetáculo.
AN - Você acredita ter chegado à perfeição técnica?
Márcia - Com certeza não. O grande desafio do balé para mim é este, buscar melhorar a cada espetáculo, a cada ensaio que faço e ver o crescimento a cada dia. Se não for assim, a emoção se perde.
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O QUÊ: Projeto Aplausos, com a Cia Brasileira de Ballet e convidados.
QUANDO: quarta-feira, às 20h30
ONDE: Teatro Harmonia Lyra, rua Quinze de Novembro, 485, Joinville
QUANTO: ingressos a R$ 15. Venda antecipada na secretaria do Harmonia Lyra
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