Redação Donna
A geração atual de crianças pode ser a primeira, em muitos anos, a ter uma expectativa de vida menor do que a de seus pais. O motivo principal para o alerta é o crescente índice de obesidade infantil e dos problemas relacionados a doenças não-transmissíveis, com destaque para o aumento da pressão arterial e do colesterol.
A afirmação partiu da diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, em encontro realizado no primeiro semestre deste ano. O Dia Nacional do Controle do Colesterol, lembrado neste domingo, 8 de agosto, serve como incentivo para uma mudança de hábitos alimentares e ainda como aviso para um cuidado mais atento da saúde não apenas de adultos e idosos, mas que pode ter início já com as crianças.
Segundo dados da OMS, cerca de 43 milhões de crianças em idade pré-escolar sofrem de obesidade ou sobrepeso, uma condição que gera riscos para a saúde ao longo de toda a vida. Antes considerado um problema típico dos países ricos, a obesidade infantil já não é vista da mesma forma e tem atingido, inclusive, grupos de menor renda em países em desenvolvimento.
A nutricionista Bernadete Azevedo, coordenadora e docente do curso de Nutrição do Complexo Educacional FMU, adverte que a alimentação das crianças brasileiras não pode ser concentrada em "fast food", salgadinhos, frituras e alimentos industrializados.
? Muitas crianças já estão apresentando alteração no índice de colesterol. Os pais devem estar atentos à alimentação de seus filhos, uma vez que 'fast food' e salgadinhos, alimentos muito consumidos pelas crianças, são fontes de colesterol. É importante que elas sejam estimuladas a consumir frutas e vegetais diariamente ? afirma a professora, que é especialista em nutrição na infância e adolescência e mestre em nutrição em Saúde Pública.
Ela destaca que a obesidade e o sobrepeso não são os únicos indícios de que o colesterol pode estar elevado.
? Pessoas magras que possuem uma alimentação desregrada podem ter alteração nos níveis de colesterol. É necessário que se faça exames periodicamente para o acompanhamento dos níveis de colesterol ? frisa.
De qualquer forma, o excesso de peso, principalmente se a gordura for visceral, pode contribuir com as dislipidemias, a alta presença de gordura no sangue.
? A gordura encontrada nessa região tem intensa atividade lipolítica, que libera grandes quantidades de ácidos graxos livres na circulação sanguínea ? informa a coordenadora do curso de Nutrição da FMU.
Alimentos que ajudam
Bernadete recomenda que a alimentação adequada, tanto para crianças como para adultos, deve ser "diariamente colorida".
? A ação antioxidante de frutas e vegetais reduz a oxidação de alimentos gordurosos, além da ação das fibras que 'arrastam' parte da gordura para as fezes e com isso, previnem o aumento do colesterol ? explica.
Entre os alimentos mais recomendados para o controle e a redução dos índices de colesterol, estão a linhaça e os peixes. A linhaça é um dos complementos que melhor se adapta à dieta do brasileiro. Além do preço acessível, ela é versátil e pode ser consumida todos os dias, com frutas, sucos ou adicionada na refeição.
? Para que a linhaça tenha o efeito de redutor do colesterol, ela deve ser consumida triturada. Se ingerirmos a semente inteira, nosso organismo não possui enzimas para digerir a celulose da casca e o ômega 3 não será aproveitado ? complementa Bernadete.
Entenda o colesterol
O colesterol é uma molécula similar à gordura que age na composição da membrana que envolve as células, é essencial para a fabricação de hormônios e na composição da vitamina D, necessária para os ossos e para o crescimento. Obtido nos alimentos de origem animal ou produzido pelo fígado, ele circula por todo o corpo, mas não é solúvel no sangue.
Problemas podem ocorrer, especialmente, quando se ingere alimentos que contenham colesterol em demasia, como carnes gordas e ovos. O excesso se deposita nas artérias, formando placas que podem endurecê-las e entupi-las, e o processo pode gerar problemas cardiovasculares.
De olho na mesa
Alimentos sem restrição: legumes, verduras e frutas.
Consumo com moderação: sementes oleaginosas (castanhas, nozes e amendoim), óleos (soja, milho e girassol), cereais, iogurte desnatado, aveia, gelatina, farinhas em geral, pão, queijo branco.
Alimentos com alto risco: carnes gordas, pele de frango, camarão, lagosta, carne de porco, miúdos, embutidos, ovos, chocolate, leite integral, creme de leite, bacon, empanados, frituras, presunto, mortadela, salame, queijos amarelos, salgadinhos e outros.