Fernanda Pandolfi
A frase do título não é minha. Talvez leitores tenham reconhecido as palavras do romancista espanhol Carlos Ruiz Zafón, famoso pela série O Cemitério dos Livros Esquecidos. Ele escreveu a sentença em A Sombra do Vento, primeira obra da saga, e bateu em mim. A relação com leituras é assim: a gente copia e cola aquilo que reflete o que somos. Por falar em cemitério, este ano a morte me rondou sorrateira. Senti a brisa que ela deixava ao passar na volta. Não, ela não bateu na janela do meu avião, pegou carona no sleeping bus do Vietnã, vestiu-se de tubarão em alguns dos oceanos que mergulhei ou encarnou no termômetro que media minha febre na Tanzânia. Nada disso. Aliás, ao longo destes oito meses, nem tirei o seguro saúde da minha pasta de documentos importantes.