
O anúncio do fechamento da editora Cosac Naify, feito por seu fundador Charles Cosac em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, na segunda-feira passada, surpreendeu o mercado editorial brasileiro. A editora alcançou grande prestígio quando começou a lançar, há quase 20 anos, publicações nos mais diferentes campos das artes caracterizadas por materiais de alta qualidade e caprichados projetos gráficos. Veja abaixo, algumas questões e respostas que a saída de cena da Cosac Naify tem provocado.
Por que a Cosac Naify vai encerar suas operações?
Embora o editor e fundador do selo Charles Cosac afirme que a crise financeira não foi determinante na decisão, a Cosac Naify vinha realizando processos de redução de despesas para equilibrar as contas. Apenas em 2015, foram feitos dois cortes de pessoal que reduziram a folha de pagamento em 30%. Garantindo que a Cosac Naify não está em processo de falência, o editor alega que o fechamento tem como razão primeira o fato de suas publicações – voltadas a áreas como literatura, artes visuais, arquitetura e design – terem alto custo de produção e serem consumidas por um público restrito. A alternativa de fazer edições mais simples ou ampliar o foco em obras de domínio público, segundo Cosac, descaracterizaria o padrão de qualidade e a proposta curatorial lançada pela editora há quase 20 anos.
A editora dava lucro?
Segundo funcionários da editora e especialistas no mercado livreiro, a preocupação primeira de Charles Cosac – que fundou o selo tendo como sócio o empresário norte-americano Michael Naify, seu cunhado – era fazer a editora se pagar, e não ganhar dinheiro com ela. Cosac disse que por diversas vezes investiu capital próprio para o cobrir o vermelho do balanço contábil. Ele é herdeiro de uma família que fez fortuna no ramo da mineração, enquanto seu sócio é um magnata da área do entretenimento nos EUA. Na entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo em que anunciou o fechamento da editora, Cosac disse que disse que aplicou nela cerca de R$ 70 milhões e nunca obteve retorno.
Quando a Cosac Naify fecha as portas?
Até o final de dezembro, ainda sem um dia determinado.
Como fica o catálogo da editora?
As vendas continuam normalmente no site, até o fim do estoque.
Como ficam os livros em produção?
O último livro a ser lançado pela Cosac Naify, ainda sem título, será do artista pernambucano Tunga, mesmo autor do volume que apresentou a Cosac Naify em 1997, Barroco de Lírios. Charles Cosac disse que pode procurar outras editoras para possível continuidade de projetos com produção já iniciada, mas sem detalhar ainda como será essa operação.
Como fica a situação dos escritores vinculados à Cosac Naify?
Em nota divulgada à imprensa na quarta-feira, a editora comunica que "gradativamente, o editorial entrará em contato com os autores e colaboradores da casa para os acertos pendentes".
Qual o impacto no mercado editorial?
Apesar do prestígio que alcançou no meio acadêmico e entre seu público-alvo, a Cosac Naify respondeu em 2014 por apenas 0,69% do faturamento de livro no varejo, segundo a Nielsen, que monitora o mercado editorial.