
O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) inaugura terça-feira, às 19h, a última exposição do ano: Ilsa Monteiro: Obras 1957 - 2003. A mostra é também o ponto final da atual gestão, que sai de cena com a troca no governo estadual. Em sintonia com o programa do museu nos últimos anos, valoriza uma artista menos conhecida, a porto-alegrense Ilsa Monteiro, que nunca realizou uma grande individual.
Será possível acompanhar a trajetória de Ilsa, hoje com 90 anos e radicada no Rio de Janeiro, ao percorrer as cinco galerias do segundo andar do museu. São 126 obras, entre esculturas, pinturas e objetos, organizadas em ordem cronológica desde os anos 1950. O curador e diretor do museu, Gaudêncio Fidelis, sublinha a diversidade da produção da artista, que trabalha desde questões de cor, matéria e luz comumente associadas ao movimento concretista até pinturas que se aproximam do surrealismo:
- O que a gente conhecia como estilo ou "assinatura" do artista se perdeu nos anos 1990. Agora entendemos as obras mais pelas questões que elas desdobram do que pela similaridade entre uma e outra. Ilsa é um exemplo disso, mas ela sofreu as cobranças de uma geração anterior, que relacionava o desenvolvimento formal à consistência artística.
Um destaque da exposição promete ser a escultura Temporalidade, exposta na Bienal Nacional de 1972 e depois perdida. O trabalho foi reconstruído a partir de fotografias de época.
Política de acervo
Ilsa Monteiro: Obras 1957 - 2003 encerra o ciclo no qual o Margs apresentou as produções de Ana Norogrando, Mário Röhnelt, Gilda Vogt, Umbelina Barreto e Flávio Morsch. Realizadas nos últimos dois anos, as mostras se somaram a coletivas com grande número de artistas. Em todos os casos, a política era de valorização e expansão do acervo da instituição, que incorporou cerca de 750 obras desde 2011.
- Trouxemos obras que preencheram lacunas. Também cresceu o volume de exposições porque isso anda junto: quando se adquire, se expõe - diz Gaudêncio Fidelis.
O programa foi conduzido por um núcleo de curadoria instituído nesta gestão e chefiado primeiro por José Francisco Alves (2011-12) e, depois, por Ana Zavadil (2013-14). Cada exposição foi acompanhada da produção de catálogos. No dia 13, serão lançados alguns deles, além do livro Galerias, de Mário Röhnelt.
No dia 31, Fidelis deixa a diretoria. Ele passa então a se dedicar exclusivamente à 10º Bienal do Mercosul da qual é curador-chefe. O governo que tomará posse em janeiro ainda não anunciou seu sucessor.