Assisti na semana passada ao documentário A Linha Fria do Horizonte, dirigido pelo curitibano Luciano Coelho, que procura compor um painel sobre a música feita no sul do continente a partir da visão plasmada, principalmente, pelo gaúcho Vitor Ramil e pelo uruguaio Jorge Drexler. A elaboração teórica produzida por Vitor no ensaio A Estética do Frio e o conceito "Templadismo" (contraponto ao "Tropicalismo" baiano dos anos 1970) formulado por Drexler, em função do clima temperado cá do paralelo 30, são os fios condutores da narrativa que procura mapear a produção musical de artistas que comungam dessa visão estética que aproxima sul-rio-grandenses, uruguaios e argentinos. Os dois cantautores brincam imaginando o lugar de onde ambos são originários, a "Ilexlândia" (a terra do mate). A milonga é o gênero que os une. O frio, a sua contingência. A mistura de elementos do folclore, do samba, da bossa nova, do rock e do universo pop dá o tom dessa contemporaneidade. Um belo documentário sobre a canção sulina.