
Colunista de mídia e cultura do The New York Times, David Carr é uma das grandes atrações da 12ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, que tem início nesta quarta-feira. A Noite da Arma, único livro do autor, foi lançado pela Record no Brasil em 2012 e é uma reportagem de Carr sobre seu próprio passado, investigando seus dias como usuário de drogas. O jornalista de 57 anos participará da mesa Narradores do Poder neste sábado, às 21h30min, ao lado da argentina Graciela Mochkofsky, autora de Estação Terminal.
Em sua opinião, o que motiva os leitores brasileiros a lerem A Noite da Arma?
Estou muito feliz por haver uma edição em português do meu livro, e quando estive aí (em 2012, para um congresso de jornalismo, em São Paulo), soube que muita gente o leu, o que me surpreendeu. Não faço ideia do motivo pelo qual leram, a não ser pela mistura de escuridão e luz que é parte da psique nacional aí. Como qualquer um de nós, os brasileiros contêm multidões (referência ao verso "I contain multitudes", do poeta norte-americano Walt Whitman).
Que temas pretende abordar em sua mesa com Graciela Mochkofsky?
Conheci Graciela em Nova York. Ela é uma historiadora e jornalista extraordinária. Acredito que vamos ocupar um bom tempo discutindo onde política e jornalismo se unem.
Você é um admirador da obra do jornalista Hunter S. Thompson (1937 _ 2005), que tem suas reportagens sobre política e esportes lidas mesmo 40 anos depois de escritas. Você acredita que o jornalismo pode ser tão duradouro quanto a literatura?
Grande jornalismo é grande literatura. O fato dos trabalhos de Thompson serem ainda lidos e difundidos é prova de que ele estava escrevendo mais do que notícias, estava destrinchando verdades persistentes, que valem muitas e muitas leituras.