Gustavo Brigatti
Como é intrigante a noção de velhice no universo da música pop atual. Com meros 20 anos recém completados, lançando agora seu décimo disco de estúdio, o Skank já se considera um banda old school, do tipo que tem dificuldade de se localizar mesmo entre seus pares. E ouvir Velocia é concordar com eles.
Ao contrário de grupos que vivem correndo atrás da juventude perdida e terminam em crise de identidade, o Skank não tem problemas com o passar do tempo. Seis anos separam Velocia de Estandarte, seu então mais recente trabalho inédito. Nesse ínterim, os mineiros lançaram duas compilações ao vivo (Multishow e Rock in Rio), uma de raridades (91) e seguiram em turnê.
- Não temos essa obsessão de ficar em evidência - diz Samuel Rosa, em entrevista por telefone. - Por isso, bandas com nosso perfil são raras. Insistimos num modelo old school e gostamos dele.
Ser da velha guarda parece significar também não abandonar as origens. Velocia manteve a devoção da banda aos ritmos jamaicanos, do reggae mais puro (Ela me Deixou) ao dub (a política Multidão, com BNegão), passando pelo rocksteady (Tudo Isso) e o dancehall (Galápagos). Para não soar monotemático, flertou com a discoteca (Périplo), o suingue (Alexia, a nova música sobre futebol do Skank) e investiu pesado nos metais, gravando parte deles nos estúdios Abbey Road, em Londres.
Apesar de contar com gente da nova geração nas composições - Lucas Silveira, Emicida e Lia Paris -, Velocia tem produção do velho conhecido Dudu Marote e foi quase todo composto em parceria com Nando Reis.
- Era para rolar um disco só meu com o Nando - conta Samuel. - Mas acabou não dando certo, e a banda se beneficiou do talento dele, que já tinha me ajudado a compor mais da metade das canções.
O Skank, que já vendeu mais de 6 milhões de cópias de seus discos, continua apostando no formato álbum - incluindo a belíssima arte gráfica do espanhol Oriol Angrill Jordá, que quase se perde no CD e desaparece nos novos serviços de streaming.
- Não queremos abrir mão do álbum, mesmo que demande mais tempo e custo. Queremos acreditar que as pessoas ainda se importam com isso - reitera Samuel.
CINCO REGGAES DO SKANK
- Mais sobre:
- lançamento de disco
- skank
- música