Ao contrário de Naomi Campbell, Dionne Warwick, Pat Metheny, Nick Cave e outros estrangeiros que viveram no Brasil (e se tornaram figurinhas tão fáceis que o pessoal dizia "lá vem aquele gringo chato de novo"), o grupo escocês Franz Ferdinand é um habitué cada vez mais amado pelas plateias nativas. A banda, que só tem pouco mais de 10 anos de existência, já veio seis vezes ao País. Por isso, não foi surpresa para o baixista Bob Hardy quando eles foram tocar num pub de Londres seu novíssimo disco, Right Thoughts, Right Words, Right Action (Sony Music), no mês passado, e o grosso da audiência era de... brasileiros.
- Havia fãs brasileiros em todo lugar, e a fila na frente do Victoria Pub já começava desde as 10 horas da manhã -, exclamou o músico, falando por telefone à reportagem para comentar sobre o lançamento mundial do álbum essa semana.
O disco novo (o último álbum fora Tonight: Franz Ferdinand, de 2009) chega às lojas do mundo todo ao mesmo tempo, no dia 26, e é o resultado de um work in progress do grupo de Glasgow. Muito show surpresa em lugares pequenos, uma música ou outra sendo testada em festivais - como fizeram aqui em São Paulo no ano passado, no Lollapalooza Festival.
- Nós começamos a tocar em lugares como aquele pub, shows para 100, 190 pessoas. Acho que, como banda, faz mais sentido aprimorar as canções em contato mais estreito com as pessoas. ê também muito divertido para quem está na plateia. Nós todos costumamos ir a pubs para ver bandas que gostamos -, contou Hardy.
Nas dez faixas, o Franz Ferdinand volta à química de harmonias do seu primeiro disco. Quase nada muda, mas o resultado é sempre um dance rock delicioso, um passo adiante do pós-punk.
O disco inteiro nasceu de um insight inusitado: Alex Kapranos, o vocalista, guitarrista, cantor e compositor da banda, achou um cartão postal num mercado de pulgas. Nele estava escrito: "Come home, pratically all is nearly forgiven" ("Venha pra casa, praticamente tudo está quase perdoado"). Esse é o verso inicial de Right Action, a canção que abre o disco.
- Tem um sabor de boa vontade, de esperança nesse verso, e a estrutura da canção é interessante, vai num crescendo -, analisa Hardy.
Uma espécie de "busca cínica do otimismo", como explicou Alex Kapranos. Uma contradição em termos, mas na canção Goodbye Lovers and Friends ele ironiza: "Não toque música pop/Você sabe que eu odeio música pop/Apenas toque a música que o ateu criou".
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