Por Pedro Haase Filho, interino
A palavra pajador ainda não é encontrada nos mais importantes dicionários de língua portuguesa. Mas desde outubro de 2001, quando a Lei Estadual 11.676 instituiu o 30 de janeiro como o Dia do Pajador Gaúcho, o termo se incorporou ao léxico de nosso idioma. A data é uma homenagem ao mais importante entre os pajadores, o missioneiro Jayme Caetano Braun, que nasceu nesse dia em Bossoroca, antes Timbaúva, então distrito de São Luiz Gonzaga, em 1924, há 95 anos.
Pajador é o trovador que recita a pajada, uma forma de poesia improvisada, ou não, com estrofes de 10 versos e acompanhamento do violão. Além do Rio Grande do Sul, o estilo é encontrado, sobretudo, na Argentina e no Uruguai (a payada) e no Chile (paya). Em espanhol, seu intérprete é o payador.
Jayme Caetano Braun, que morreu há quase 20 anos, em julho de 1999, é considerado um verdadeiro ícone da música tradicionalista gaúcha. A admiração por sua vida e obra se espalha pelo Estado e seu nome batiza ruas, praças e inúmeros CTGs. Em São Luiz Gonzaga, há uma estátua de 6 metros de altura em homenagem a ele. No Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, em Porto Alegre, também há um monumento, de 2,2 metros de altura, dedicado ao pajador. Trabalhista convicto, militante do antigo PTB, também participava de campanhas políticas com música e versos.
Feliz Ano-Novo – indiada, Feliz Ano-Novo – gente, É a maneira reverente De iniciar esta payada, Nesta hora iluminada De pátria e de melodia E o payador se arrepia De tradição campesina Na primeira sabatina Do ano que principia!
PAYADA DO ANO-NOVO
Jayme Caetano Braun
Além de pajador, Jayme era um poeta de larga produção e publicou diversas obras, como Galpão de Estância (o primeiro, de 1954), De Fogão em Fogão, Brasil Grande do Sul, Pendão Farrapo, entre outras. Em 1996, lançou a antologia 50 Anos de Poesia. Antes, em 1987, havia publicado um dicionário de regionalismos, Vocabulário Pampeano – Pátria, Fogões e Legendas. Entre seus poemas mais declamados pelos poetas regionalistas, destacam-se Bochincho, Tio Anastácio, Amargo, Payada a Mario Quintana, Payada para o Irmão Negro e Galo de Rinha.
Sua discografia também é expressiva, tendo gravado diversos discos importantes como: Payador, Pampa e Guitarra (com Noel Guarany), Payador, Troncos Missioneiros (com Noel Guarany, Cenair Maicá e Pedro Ortaça), Poemas Gaúchos e Payadas, entre outros. Após a sua morte, foi lançado Payada, Memória & Tempo, volumes 1, 2 e 3.