
- À esquerda, vocês podem ver o Walt Disney Resort - avisa nosso guia enquanto deslizamos pela Rota 27.
Em sete dias na Flórida, é uma das poucas vezes que cruzamos com qualquer sinal de Mickey, Minnie e companhia. A casa do programa espacial americano nos últimos 50 anos, lagos repletos de jacarés e a praia que formou o maior surfista do mundo convencem quem se dispõe a explorar o Estado caliente na costa leste dos EUA de que há mais do que compras e contos de fadas a se desfrutar por ali.
Para conhecer tudo isso, o primeiro passo é alugar um carro no aeroporto - há boas opções a partir de US$ 30 por dia. Pela Rota 27 Sul, a 80 quilômetros do Aeroporto Internacional, chega-se a Polk. Coração da Flórida Central, com temperaturas médias que variam de 9ºC a 22°C no inverno e de 23°C a 32°C no verão, o condado é preferência de aposentados e outros refugiados do frio.
Para turistas em férias, a região reúne uma porção de atrações naturais e aquáticas - o calor e os lagos inspiram os nomes das principais cidades turísticas da região. Em Lakeland, Lake Wales e Winter Haven, é possível passear de air boat por águas repletas de jacarés, assistir a shows aquáticos no monumental parque da Lego e comer peixe fresco de frente para o Lago Ned.
Outra opção ao desembarcar em Orlando é percorrer cerca de 60 quilômetros rumo à Space Coast ("costa espacial"), onde estão situados a charmosa Cocoa Beach ("praia do cacau") e o Kennedy Space Center - complexo da Nasa (agência espacial americana), de onde o homem voou para a Lua.
Não importa que rota você tome, há muita Flórida a descobrir. No caminho, sempre se arranja tempo para visitar os abundantes outlets - o verdadeiro paraíso para os apaixonados por compras de grandes marcas a preços reduzidos.
Kennedy Space Center
A nave Atlantis em exposição
Foto: Kennedy Space Center, divulgação

Estrela mais brilhante do Cabo Canaveral, o Kennedy Space Center fica 60 quilômetros a leste de Orlando - e é o mais perto que você vai chegar de uma viagem à Lua (por enquanto). Essa é a sensação imediata ao se passar pelo pórtico do complexo de visitantes da Nasa e deparar com o pátio cheio de foguetes aposentados.
Mesmo os menos interessados pela exploração do espaço se espantam ao visitar a exposição Atlantis. O ônibus espacial mais viajado da agência americana cruzou 33 vezes a estratosfera rumo ao vácuo interplanetário antes de estacionar no pavilhão de 8,5 mil metros quadrados em que agora repousa com as comportas abertas. Ao seu redor, atrações como roupas de astronauta e um passeio por uma réplica da Estação Espacial Internacional.
Na mostra Apollo, que reúne relíquias - ou seriam provas? - das viagens tripuladas à Lua, o magnífico foguete Saturn V pendurado sobre as cabeças dos visitantes não impressiona mais do que os fragmentos de rocha lunar - é possível tocar em um pedacinho do satélite natural.
Diferentes experiências audiovisuais, de cinemas Imax a simulação de lançamento espacial, garantem a diversão dos mais velhos, enquanto Angry Birds e a chance de almoçar com astronautas do programa espacial americano encantam a criançada.
Com ingressos a US$ 50 (crianças com até 11 anos pagam US$ 40), o Kennedy Space Center é um universo a ser explorado da abertura ao fechamento do complexo. Algumas atividades, como o almoço com astronautas e os cobiçados lançamentos, são cobrados à parte e sujeitos à disponibilidade de lugares.
Lego, muito Lego
Legoland tem cidades em miniatura feitas de lego
Foto: Legoland, divulgação

Localizado em Winter Haven, o Legoland é uma alternativa à Disney para a criançada de dois a 12 anos. No maior parque da Lego do mundo, 58 milhões de pecinhas coloridas compõem a paisagem - boa parte delas, empregada em recriações detalhistas de cidades americanas como Nova York e San Francisco (e do próprio Kennedy Space Center). As réplicas com poucos metros de altura parecem grandes monumentos para as crianças que circulam impressionadas pelas atrações.
Montanhas-russas, aula de direção para pitocos, brincadeiras aquáticas e espetáculos igualmente molhados compõem a carta de opções do parque. Protetor solar é obrigatório em qualquer época do ano. Às 9h45min, quando o Legoland abre as portas, o sol é digno de nota, e a longa fila no pórtico de entrada parece se multiplicar nas atrações no interior do parque.
Munido de um passe premium (US$ 150), pode-se deixar as filas para trás e ainda se fartar com comida e bebida liberadas. Mas ainda é preciso pagar os US$ 80 pelo ingresso comum.
Uma dica
Seja no Kennedy Space Center, na Legoland ou nas atrações naturais, convém levar um dinheiro extra para suvenires: há uma porção de lojas vendendo de bótons e canecas a roupas de astronauta completas. Sem falar nos diversos outlets que oferecem vestuário de grifes famosas a preços mais camaradas.
Na água com jacarés
Passeio de air boat no Lago Kissimmee, em Polk
Foto: Visit Central Florida, divulgação

É possível cansar de ver aligátores (ou jacarés-americanos) em qualquer canal de beira de estrada na Flórida. Mas chegar a poucos metros dos bichanos é uma das boas desculpas para fazer um passeio de air boat, lancha movimentada por uma grande hélice de avião localizada sobre a parte traseira da embarcação.
- Já estou surdo - explica nosso guia quando questionado por não usar os protetores de ouvido distribuídos para a dezena de turistas, que pagam US$ 50 pelo passeio de duas horas.
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Além de abafarem o ruído enlouquecedor, os acessórios protegem os tímpanos do vento cortante enquanto se desliza a 60 km/h sobre as águas rasas. Nos deliciosos momentos de silêncio, quando o motor é desligado para se chegar perto de um jacaré, é possível contemplar o horizonte distante. Com sorte, se avista uma águia-americana abrindo suas largas asas. (14.900 Camp Mack Rd., Lake Wales. Tel.: (863) 696-1108)
No mar do campeão
Cocoa Beach é a terra do surfista Kelly Slater
Foto: Rusty Clark, Creative Commons

A praia onde cresceu o maior campeão de surfe de todos os tempos tem seus encantos. Além de ser terra de Kelly Slater, Cocoa Beach abriga uma das maiores surf shops do mundo, a Ron Jon. Almoçar em um dos restaurantes do grande pier é uma opção.
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Não espere um paraíso caribenho: a água é cristalina, mas repleta de tubarões (embora existam indicações de áreas seguras para banho), e há poucos acidentes naturais na extensa faixa de areia, que às vezes até lembra o nosso Litoral.
Sombra e peixe fresco
Frutos do mar no restaurante Jimmy Belle's, em Winter Haven
Foto: Fernando Corrêa, Agência RBS

Em Polk, tivemos nossas melhores experiências gastronômicas - todas envolvendo peixes e frutos do mar frescos.
No Harry's Old Place, em Winter Haven, o cardápio vai de tilápia a atum fresco. Mas o inusitado é beliscar as "gator bites" (pedacinhos empanados de cauda de jacaré), sentado no balcão de frente para o Lago Ned.
No Jimmy Belle's, em Lakeland, exemplares empalhados de tubarão e aligátor parecem vigiar o balcão de pescados frescos, trazidos diariamente de Miami. Caranguejo, salmão, atum e ostras são servidos da forma que o cliente preferir, e paga-se aproximadamente US$ 15 por prato. Também em Lakeland, o pub Molly McHugh's (mollymchughs.com) reúne jovens e velhos beberrões.
No Cabo Canaveral, uma boa pedida é ir ao Porto Canaveral à noite: há restaurantes com todo tipo de cardápio e ambientação. No Rusty's, pode-se comer frutos do mar ou hambúrguer e beber vinho branco ou cerveja IPA, no deck de frente para a água.
*O jornalista viajou a convite de Kennedy Space Center Visitor Complex, Central Florida e Space Coast Kennedy Space Center