
Com o sucesso dos dois leilões realizados nos últimos 60 dias, que permitiram arrecadar R$ 52 milhões, a prefeitura de Porto Alegre prepara a venda, no próximo semestre, do que se poderia chamar de “joias da coroa”. Nos próximos lotes estão terrenos e prédios capazes de sacudir o mercado imobiliário e, como é tradição na Capital, render dessas polêmicas que dividem a população. A expectativa do secretário municipal de Administração e Patrimônio, André Barbosa, é arrecadar no mínimo R$ 300 milhões com cinco imóveis.
Uma das áreas mais cobiçadas pelo mercado imobiliário está na lista dos imóveis que devem ser vendidos no próximo leilão. Trata-se do terreno próximo ao estádio Beira-Rio e ao viaduto Abdias do Nascimento, onde hoje estão duas escolas de samba, a Imperadores e a Banda da Saldanha. Esse é, em todo o pacote, o principal candidato a polêmicas, porque permite a construção de edifícios em um dos trechos mais valorizados da orla do Guaíba.
O prefeito Sebastião Melo tranquiliza os simpatizantes: o terreno não será leiloado antes de se chegar a um acordo sobre a transferência de ambas para outra área. Embora a ocupação seja irregular e a Câmara já tenha autorizado o leilão do terreno, o secretário de Comunicação, Luiz Otávio Prates, diz que Melo é adepto do diálogo e que a venda ainda não está pacificada no centro de governo.
Também junto à orla, a prefeitura é dona do terreno onde hoje está a sede da Associação dos Dirigentes de Vendas do Rio Grande do Sul (ADVB-RS). A venda, depende de um acordo com a ADVB, que está sendo negociado pelo vice-prefeito Ricardo Gomes. A área foi cedida quando Alceu Collares era prefeito, há mais de 30 anos.
Próximo ao Barra Shopping Sul, mais especificamente ao lado do futuro Golden Lake, a prefeitura vai vender o terreno da antiga sede da Associação dos Servidores da antiga Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), hoje Smoi. Por se tratar de uma esquina - e pela vizinhança com o Barra, o Pontal Shopping e o condomínio Golden Lake, é um dos mais valorizados da Zona Sul.
Por fim, está nos planos do governo municipal vender o terreno e o prédio da antiga Smov, na esquina da Avenida Ipiranga com a Borges de Medeiros, em frente ao shopping Praia de Belas. Esse terreno se valorizou com o projeto de revitalização da Avenida Ipiranga, que prevê autorização para a ampliação vertical da área construída e pela vizinhança com o shopping, os tribunais e o Trend, na quadra entre a Borges e a Edvaldo Pereira Paiva.
Ainda sem previsão para ir a leilão está outro terreno cobiçado pelas construtoras. É o usado hoje como estacionamento pelo Internacional, entre o Gigantinho e o Parque Marinha do Brasil. De acordo com Barbosa, o Inter quer continuar usando o terreno como estacionamento.
A prefeitura também está negociando a permuta de outros imóveis pela construção do prédio anexo do Hospital de Pronto Socorro.
O município de Porto Alegre está mais adiantado do que o Estado, que lança nesta quarta-feira o seu mapa dos imóveis. O inventário foi concluído no ano passado e, segundo o secretário André Barbosa, “Porto Alegre é referência nacional entre as capitais e grandes cidades” em matéria de venda de áreas hoje subutilizadas ou, simplesmente, sem uso pelo poder público.
No último leilão, realizado no dia 28 de abril, foram vendidos todos os 15 imóveis oferecidos no Porto Seco para empresas de logística e transportes, somando R$ 45 milhões.