O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Não raro a coluna recebe perguntas sobre milhas aéreas. Os questionamentos vão desde perguntas mais básicas, como "o que são" e "como usá-las", até pedidos de dicas de como escolher a melhor e como se organizar para conseguir utilizá-las para viajar mais. Resumidamente, é uma estratégia utilizada pelas companhias aéreas para fidelizar o cliente.
— Ela procura fazer com que você utilize preferencialmente aquela companhia aérea de tal forma que se acumule milhas naquela empresa. Isso faz com que você escolha sempre a mesma empresa para voar. Uma estratégia de marketing — explica o professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Alberto Ajzental.
A questão é que, para acumular milhas apenas viajando, é preciso fazer várias viagens por ano, já que os pontos vêm das tarifas. Costuma ser mais vantajoso para quem costuma a fazer diversas viagens a trabalho, ou que eventualmente precisa pagar por tarifas mais altas para voar.
Além das viagens, outro grande "gerador de milhas" é o cartão de crédito. É mais usado, inclusive, para quem faz poucas viagens por ano, mas quer acumular milhas. Nesse caso, a primeira dica, para o professor Ajzental, é escolher apenas um cartão, e concentrar as despesas nele. Também é importante analisar as vantagens de cada bandeira e banco.
— Existem cartões de crédito que para cada real gasto, te dá um ponto. Ou para cada dólar, um ponto. Tem outros com programas de aceleração de pontos, em que te dá 1,5 ponto para cada real gasto. É preciso estudar muito bem qual é o cartão que te traz mais vantagem — diz Ajzental.
A orientação do professor é consultar diretamente nos sites dos cartões. Também pode fazer uma simulação tendo em vista de quanto é o gasto mensal, para ter uma ideia de quantos pontos irá acumular. Outra sugestão é conferir o prazo de validade dos pontos. Alguns duram para sempre. Outros são limitados, e caso não haja uso, o que foi acumulado é perdido. Por isso, também é importante organizar quando se quer usar as milhagens.
Mas importante destacar que, quando está se acumulando pontos no cartão de crédito, eles não necessariamente irão se reverter em milhagem de forma automática. Há outros benefícios oferecidos, como descontos em serviços ou compra de produtos, como televisão e aspirador de pó. Por isso, é importante estar atento para saber quais companhias aéreas trabalham em parceria com o programa de pontuação.
— Você pode, a qualquer momento, passar os teus pontos do cartão para determinada companhia aérea. Mas, de novo, precisa pensar se vale a pena já passar a milhagem para a companhia naquele momento, para não perder essa milhagem. Vale, sim, a pena acumular os pontos no próprio cartão. No momento oportuno você passa para a companhia aérea, e aí você tem a milhagem na companhia aérea.
Apesar de escolher o momento certo para transferir os pontos para os programas de milhagem, também não deixe para última hora. Além de poder estar mais caro, pode não ter disponibilidade, já que as companhias aéreas costumam destinar apenas um número limitado de assentos para as milhas.
Como usá-las na prática?
Tendo escolhido o cartão de crédito e o programa de milhagem, a melhor maneira de ir administrando a pontuação é através da plataforma do serviço na internet. Elas mostram quantos pontos já foram acumulados e a "cotação" da viagem escolhida. Fique atento, porém, pois, há depender da instituição financeira, não basta ter o cartão — é preciso também se inscrever no programa de benefícios. Na média, viagens nacionais conseguem ser "pagas" a partir de 10 mil pontos. Já as internacionais podem passar dos 100 mil.
A dica, na prática, é pesquisar e se organizar bem. Acompanhar promoções das companhias, que, às vezes, oferecem multiplicação de milhas. Ficar de olho na expiração das milhagens, saber a quantia mínima de pontos que cada companhia exige, e se atentar nas datas (algumas empresas pedem mais milhas em alta temporada) tão são pontos fundamentais. Por fim, mas não menos importante, ter gestão financeira.
Apesar de ser uma vantagem para quem já usa o cartão de crédito, não vale a pena entrar no rotativo do cartão ou acumular dívidas na fatura só para ganhar pontos.
Ouça entrevista com professor Alberto Ajzental para o Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Colaborou Guilherme Gonçalves
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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