Eliane Marques
Até pouco tempo, embora permanecêssemos estruturalmente racistas, era vergonhoso se dizer racista. O reconhecimento poria fim à ilusão da democracia racial e a subilusão de que cada um estava no seu lugar, de nenhum ou de todo o privilégio, por seu próprio mérito, descrédito ou destino. O brasileiro se considerava uma ilha antirracista cercada por um bando de racistas. Forjada num “aleijão” psíquico inafastável, quer nos declaremos ou não “pessoa com deficiência”, a vergonha impedia a militância do racista declarado. O aleijão era escondido, tampado ou disfarçado, ainda que estivesse a descoberto.
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