Eliane Marques
Édipo, de Sófocles, e Hamlet, de Shakespeare, os dois heróis de Freud, representam uma antiguidade selvagem e um renascimento selvagem, nessa ordem. Eles dizem do que vacila diante da lei simbólica. Assim funcionam como o paradigma do herói na medida em que encarnam na criação estética a problemática universal da ficção-realidade expressa na relação incesto-homicídio. Édipo e Hamlet falam de dimensões diversas da proibição, mas ambos o fazem mediante a posta em cena dos efeitos da transgressão. Quando me refiro à “problemática universal”, prendo-me à distinção feita por Muniz Sodré entre o universal concreto e o universal abstrato (diferença) – elaboração da metafísica europeia que, no dizer do escritor, tem lastreado o pensamento da alteridade e da opressão.
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