
Frase de uma fonte muitíssimo bem informada a respeito dos três anos de contrato oferecidos a Paolo Guerrero, ponto que se tornou o diferencial em termos de vantagem do Inter na disputa com outros clubes brasileiros:
— Não adianta tentar convencê-lo a deixar cobertura de frente para a mar no Rio mostrando fotos do pôr do sol no Guaíba.
A regra para jogadores muito além dos 30 anos (Guerrero completa 35 em janeiro de 2019) é ir renovando de ano em ano, conforme o rendimento na temporada, devido ao risco de o futebol sumir ou de o corpo não mais responder fisicamente. Vira uma espécie de vestibular, e estrelas não gostam de se submeter a esse processo. Consideram-no constrangedor. Quase deprimente, na alvorada de uma carreira protagonista.
Em troca da segurança de um contrato mais longo, Guerrero aceitou bases salariais inferiores às do Flamengo. Ainda que nada franciscanas, bem entendido: R$ 600 mil mensais é muito dinheiro, vamos combinar.
É um risco assumido pelo clube, tirando as questões jurídicas que, imagino, tenham sido objeto de aprofundada análise antes do xeque-mate para a montagem do contrato? Sim, é um risco.
Mas como competir no mercado por um jogador deste calibre sem algum risco calculado? É a história da cobertura e do pôr do sol. A engenharia financeira montada por Rodrigo Caetano e Roberto Melo retira do negócio o rótulo de pirotecnia, levando-o para o campo da ousadia possível.
Ao custo de R$ 1 milhão por mês, era mesmo loucura. Mas, por quase a metade disso, ainda por cima com a ajuda de um investidor feito Delcir Sonda, o cenário muda completamente.
Se Guerrero der resposta imediata, o Inter ganha uma injeção de adrenalina no Brasileirão. E ganha uma estrela e tanto de marketing para gerar novas receitas, se souber aproveitar o entusiasmo da torcida.