Carlos Gerbase
Nunca desejar a felicidade foi tão dramático. A extensa coleção de infelicidades de 2020 transformou as saudações protocolares de “Saúde!”, antes quase inaudíveis no agudo e alegre entrechoque das taças de espumante, em graves afirmações, seguidas de olhares esperançosos, mas nada convictos. O desejo de que alguém não adoeça, nem mental, nem fisicamente, em 2021, é coisa séria, a ser seguida por alguns cálices de vinho tinto. Quem pode imaginar os deuses — olímpicos ou não — atendendo a pedidos regados com uma bebida que produz bolinhas?
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