Em setembro de 2023, quando uma tempestade severa desabou sobre o Estado (no terceiro evento extremo em menos de três meses), fiz um apelo público ao governador Eduardo Leite: “Convoque cientistas e crie um comitê de emergência climática”, escrevi, à época, em Zero Hora. Em outubro daquele ano, Leite anunciou a decisão de adotar a medida. Nesta quarta-feira (26), nove meses depois, o grupo de aconselhamento, finalmente, será apresentado à sociedade gaúcha em Porto Alegre.
De lá para cá, testemunhamos mais duas grandes enchentes: a de novembro de 2023 e a de maio deste ano, considerada a maior catástrofe do gênero na nossa história. O Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática do Rio Grande do Sul chega com atraso, mas chega — e é bem-vindo. Antes tarde do que tarde demais.
Tudo tem seu tempo, e o tempo de ouvir a ciência urge. Se o comitê tivesse sido criado naquela ocasião, talvez não fosse ouvido. Foi necessário um baque gigantesco para que muitos compreendessem, enfim, que os cientistas precisam ser escutados mais do que nunca, com a urgência que o momento demanda.
O comitê não terá super poderes. Não vai alterar os rumos da história, nem mesmo terá forças para impor mudanças radicais, sabemos disso. Mas terá um papel fundamental: o de apontar caminhos e indicar por onde não devemos seguir.
Se vai dar certo e ter resultados práticos? Não sei. O que sei é que os pesquisadores que aceitaram o chamado, por convicção, dever e senso de responsabilidade, merecem nosso voto de confiança.